Por causa da paralisia facial a pequena Nicole não conseguia sorrir nem fechar os olhos, mas uma cirurgia pioneira e bem-sucedida trouxe de volta a autoestima e a alegria para o rosto dessa linda menina.
Nicole Serna-Gonzalez, de 11 anos, teve paralisia facial congênita, condição rara que impede a assimetria da face e os movimentos completos. Ela não conseguia mover o lado direito do rosto nem expressar suas emoções pela face de maneira convencional, até passar por uma cirurgia rara de reanimação facial que durou 12 horas, no Cleveland Clinic, em Ohio, nos Estados Unidos.
A menina mora na Virgínia, Estados Unidos. A operação foi em junho de 2021, mas só veio a público no mês passado, depois que a menina se recuperou. A equipe, liderada pelo médico Patrick Byrne, aguardou a evolução da paciente para divulgar os resultados do método pioneiro.
Longa espera
Desde 2018, Nicole é examinada pela equipe do Dr. Byrne, que observou o quanto a paralisia afeta o dia a dia de uma pessoa. Segundo ele, quem sofre de paralisia facial congênita tem mais propensão à depressão.
“[A pessoa fica] incapaz de expressar felicidade ou outras emoções em seu rosto muitas vezes realmente luta com sua autoimagem porque os outros se distraem com seu rosto”, disse o médico. “Restaurar a capacidade de sorrir tem efeitos incríveis para melhorar o humor e a confiança de uma pessoa.”
Carolina Gonzalez e Sergio Serna, pais trabalharam para ajudar à filha a aceitar a cirurgia de reanimação facial.
“Eu amava o sorriso dela antes da cirurgia e amo o sorriso dela agora”, disse Carolina. “Mas eu não queria que ela tivesse que se explicar repetidamente ao longo de sua vida sobre por que ela é diferente. Queremos que ela seja capaz de viver sua vida ao máximo”.
Para Sergio, o amor é o suporte de tudo: “Como explicar a uma criança que ela é perfeita do jeito que é, mas queremos fazer esse procedimento para ela? É difícil. Teve muito choro, muito abraço”.
Paralisia facial congênita
É uma condição bastante rara. Cirurgiões que tratam da síndrome utilizam um procedimento chamado transferência de tecido livre microvascular: envolve a remoção de um único músculo ou nervo de outra área do corpo e, em seguida, a implantação no rosto, geralmente perto da boca.
Tem sido tradicionalmente realizado como um procedimento de vetor único. Nos últimos anos, Byrne e sua equipe modificaram e expandiram a cirurgia para incluir a transferência de múltiplos deslizamentos de músculo.
O objetivo dessas inovações foi criar um sorriso mais natural, em que os dentes aparecem, criando assim uma solução “multivetorial”.
“Apesar desta operação ter sido única, fazemos transferências de tecido livre microvascular o tempo todo, e isso é reconfortante para os pais. Confiar na realização de uma grande operação como esta requer muita fé”, disse Byrne, o chefe da equipe médica.
Momentos felizes
Um dos momentos mais felizes de Nicole ocorreu na noite anterior à cirurgia, de volta ao quarto do hotel, quando ela, o irmão Max, de 7 anos, e os pais dançaram no escuro ao som de algumas das músicas favoritas de Nicole, seus movimentos iluminados por bastões luminosos multicoloridos.
“Fizemos uma festa, foi tão divertido”, contou Nicole. “Estávamos apenas dançando, nos divertindo, foi muito legal.”
Para a mãe, o momento contribuiu para a cirurgia. “Por mais que tenha durado pouco, foi uma quebra na tensão que estávamos sentindo”, disse Carolina.
Reaprendendo a sorrir
Nicole foi para casa, depois de quatro dias no hospital. Após se recuperar da cirurgia, ela começou o trabalho de otimizar o impacto do procedimento. Como ela nunca teve músculos funcionais nas áreas paralisadas de seu rosto, ela teve que aprender a usá-los.
De acordo com os médicos, a menina, aos 11 anos, tem idade suficiente para se envolver em esforços de retreinamento facial. Os fisioterapeutas precisam orientá-la sobre como usar os músculos. É um processo que continua e melhora ao longo dos anos.
À medida que os dias e as semanas passavam e o inchaço facial de Nicole diminuía, seus pais contaram ter observado melhora em sua simetria facial. No entanto, conseguir produzir de fato o que é conhecido como sorriso de Duchenne – considerado o sorriso mais natural, pois inclui uma ruga nos cantos das pálpebras – exige prática.
Depois de algumas semanas da cirurgia, em casa, a família observou que Nicole conseguia movimentar pálpebras e nos cantos de sua boca. Assim, os pais e o irmão notam que ela progride de forma gradual.
“A melhora que observamos leva cerca de um ano e continuará por pelo menos mais três ou quatro anos”, afirmou Byrne. “Na idade de Nicole, notamos o crescimento contínuo dos nervos e músculos do rosto. Os movimentos tornam-se cada vez mais naturais e simétricos.”
A paralisia facial impedia Nicole de sorrir e abrir os olhos – Fotos: Cleveland Clinic
Uma cirurgia bem-sucedida feita nos EUA devolveu a alegria e autoestima à menina – Foto: Cleveland Clinic
Médicos divulgaram o caso depois que Nicole se restabeleceu da cirurgia – Fotos: Cleveland Clinic
Com informações do site de Clinical Cleveland