Raramente alguém sonhou em doar tanto dinheiro quanto pudesse em sua vida, mas esse não é o caso do bilionário Charles “Chuck” Feeney. Na verdade, ele vinha trabalhando nesse sonho há mais de 40 anos!
E, bem, em 2020 ele finalmente cumpriu sua antiga promessa.
Desde os anos 1970, Feeney, 89 anos, já doou mais de US$ 8 bilhões (R$ 43,2 bilhões) para várias instituições de caridade, organizações e universidades em todo o mundo por meio de sua fundação, a “The Atlantic Philanthropies”.
O plano de Feeney era doar toda a sua fortuna antes de morrer, e ele fez tudo anonimamente. Ele fez um grande esforço para manter seus atos generosos em segredo. Por causa de suas atividades filantrópicas ilícitas, a Revista Forbes o apelidou de “James Bond da Filantropia”.
Robert Miller e Feeney fundaram a famosa varejista de aeroportos Duty Free Shoppers em 1960. A gigante do varejo agora opera em 11 grandes aeroportos e 20 lojas de galerias. Enquanto ele acumulou bilhões com esse grande empreendimento, Feeney manteve um estilo de vida incrivelmente simples e pacato.
De acordo com uma reportagem do New York Times, Feeney viajava apenas de ônibus até os 75 anos.
Em vez de jantar em restaurantes de luxo quando está em Nova York, o bilionário frequentava o Irish Pavilion na East 57th Street, rua conhecida pelos pequenos restaurantes e lanchonetes familiares, onde sempre pedia sanduíches.
Ele foi um dos primeiros signatários do compromisso “Dar Enquanto Viver”, um movimento que incentiva os super-ricos a doarem 50% ou mais de suas fortunas enquanto ainda estão vivos.
O espírito caridoso de Feeney inspirou os bilionários Bill Gates e Warren Buffett a também assinar sua promessa de doação em 2010.
“Aprendemos muito. Faríamos algumas coisas de forma diferente, mas estou muito satisfeito. Eu me sinto muito bem em completar isso em vida”, disse Feeney à Forbes. “Meus agradecimentos a todos que se juntaram a nós nesta jornada. E para aqueles que se perguntam sobre doar enquanto vivem: experimente, você vai gostar.”
Para onde foram os US$ 8 bilhões?
Feeney doou US$ 3,7 bilhões para a educação, incluindo quase US$ 1 bilhão para sua querida Universidade Cornell, onde ele se formou.
Mais de US$ 870 milhões foram para causas relacionadas a direitos humanos e mudanças sociais, como US$ 62 milhões em subsídios para revogar a pena de morte nos EUA e US$ 76 milhões para campanhas de apoio à ratificação do Obamacare, a lei que garante alguns benefícios de saúde mínimos à população dos Estados Unidos.
Ele também doou US$ 270 milhões para melhorar a saúde pública do Vietnã e doou US$ 176 milhões para o Global Brain Health Institute, da Universidade da Califórnia, em San Francisco. Uma de suas doações finais foi uma doação de US$ 350 milhões para a Universidade Cornell construir um campus de tecnologia em Roosevelt Island, na cidade de Nova York.
Em 14 de setembro de 2020, Feeney marcou a conclusão de sua missão de quatro décadas assinando a papelada para fechar a The Atlantic Philanthropies.
A cerimônia foi realizada via reunião no Zoom com o conselho da fundação, que incluiu figuras proeminentes como Bill Gates, o ex-governador da Califórnia Jerry Brown e a presidente da Câmara Nancy Pelosi.
A data de encerramento da The Atlantic Philanthropies foi definida anos atrás como parte do plano de longo prazo de Feeney de fazer doações que tivessem risco e impacto significativos. Ao estabelecer um prazo, Feeney conseguiu manter um senso de urgência e disciplina para atingir seu objetivo.
Também permitiu à fundação mais tempo para registrar sua história, refletir sobre suas vitórias e derrotas e formular uma estratégia para outras organizações seguirem.
“Nossa doação é baseada nas oportunidades, não em um plano de permanecer no negócio por muito tempo”, disse Feeney a Steven Pelosi, da Forbes, em 2019.
Feeney reservou US$ 2 milhões para ele e sua esposa, Helga Feeney, para viver pelo resto de suas vidas. Isso ainda equivale a R$ 45 mil por mês pelos próximos 20 anos.
O casal reside atualmente em um apartamento simples em San Francisco. Ele continua econômico e simples como sempre, recusando-se a ter um carro e ostentando um relógio Casio de US$ 10.
Feeney falou sobre a razão por trás de sua missão de doar toda a sua fortuna.
“Vejo poucas razões para adiar a doação quando tanto bem pode ser alcançado através do apoio a causas valiosas”, explicou ele. “Além disso, é muito mais divertido dar enquanto você vive do que dar enquanto você está morto.”
“O mundo está tão cheio de pessoas que têm menos do que precisam”, disse Feeney em um vídeo no site The Atlantic Philanthropies. “Cada vez que você pode resolver o problema deles, você os ajuda a seguir em frente e pensar que a vida pode mudar, e eu posso mudá-la.”
Quarenta anos depois, o mundo está em um lugar muito melhor, graças à generosidade e compaixão excepcionais de Charles Feeney!
Assista ao vídeo:
Fonte: Inspire More
Fotos: Giving While Living