Cientistas do Reino Unido desenvolveram um tipo de implante parecido com uma lente de contato colocada no olho para prevenir a formação de cataratas. E mais: a tecnologia pode até reverter o crescimento delas sem a necessidade de cirurgia.O implante foi criado para controlar os níveis de cálcio nos olhos, responsáveis pelo enfraquecimento do nosso cristalino (a lente dos olhos). Por enquanto, ele segue sendo testado em ensaios clínicos.
Todos os anos, mais de 600 mil cirurgias de catarata são realizadas no Brasil. No Reino Unido, são 350 mil, onde estima-se que 1 em cada 3 pessoas com mais de 65 anos já tenha adquirido a doença em um ou ambos os olhos.
As cataratas são manchas no cristalino do olho, que causam visão turva e eventual cegueira se não forem tratadas.
A maioria delas se desenvolve como resultado de alterações no cristalino relacionadas à idade, especificamente estresse oxidativo. Isso ocorre quando há um desequilíbrio entre os radicais livres (átomos instáveis que danificam as células) e os antioxidantes (que mantêm os radicais livres sob controle).
As células no corpo produzem ambas as substâncias, embora fatores como fumar, beber muito álcool e exposição a produtos químicos possam acelerar a produção de radicais livres.
À medida que envelhecemos, menos antioxidantes são produzidos, resultando em estresse oxidativo, que leva a danos nos tecidos, como o cristalino, e um acúmulo de cálcio nele.
A catarata também pode estar associada a condições como diabetes e a medicamentos fortes, incluindo o uso de esteroides por um longo prazo.
O cristalino pode ser substituído em um procedimento cirúrgico de 30 minutos sob anestesia local: o cirurgião faz um pequeno corte no olho para remover a lente e substituí-la por uma artificial.
O tratamento com o implante, chamado de “NPI-002”, da Farmacêutica Nacuity, dos EUA, pode significar que essa cirurgia não é mais necessária.
O implante é carregado com antioxidantes e injetado no vítreo – o fluido semelhante a um gel entre o cristalino e a retina (a área do olho sensível à luz). O implante libera lentamente seu conteúdo no vítreo, que o leva para o cristalino, onde atua na catarata. A solução inclui N-acetilcisteína amida (NACA), um antioxidante super eficaz.
Um estudo em animais feito por oftalmologistas da Universidade de Washington nos Estados Unidos e outros centros, relatado na revista BMC Ophthalmology em 2018, mostrou que o implante preveniu e reduziu a gravidade da catarata.
Também levou a um aumento nos antioxidantes protetores e reduziu os níveis de cálcio para 2,5 vezes mais baixos do que em um grupo de controle.
O primeiro teste em humanos, nos Estados Unidos, começará em breve e envolverá 30 pacientes com 65 anos ou mais com catarata.
Gwyn Williams, um oftalmologista consultor do Singleton Hospital em Swansea, disse: ‘É uma ideia muito interessante e estou ansioso para ver os resultados”. Este é um início de uma revolução no tratamento da catarata e doenças semelhantes!