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Menino que comia no lixo vira chef de ricos e famosos

Publicada em 01/12/20 as 09:59h por Só Notícia Boa - 214 visualizações

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 (Foto: reprodução / NYT)


Quem iria imaginar que um menino que sobrevivia de alimentos jogados no lixo desenvolveria um talento gigante para a gastronomia, a ponto de se tornar um dos maiores chefes de cozinha do Canadá?

Sash Simpson morava nas ruas no sul da Índia quando era criança e hoje tem o próprio restaurante, onde prepara pratos sofisticados e serve para os mais ricos do país e artistas como Drake (foto abaixo)

Sim, há 4 décadas, Sash se alimentava com o que pegava no lixo de restaurantes em Coimbatore, centro de produção têxtil no estado de Tamil Nadu. Ele vivia em um cinema da região e limpava o chão em troca de lugar para dormir.

Quando tinha oito anos, funcionários de um orfanato perceberam que ele estava pedindo esmola em uma parada de ônibus e o convenceram a ir embora com eles.

“Tudo é uma questão de momento. Se fosse um segundo antes, ou um segundo depois, eles não teriam me visto. Acredito em milagres. Aconteceu comigo”, disse Sash Simpson ao The New York Times.

Como era muito pequeno quando tudo isso aconteceu, ele só se lembra que vivia em um barraco de favela, às margens dos trilhos do trem, que o pai falava língua de sinais e tinha dois irmãos mais velhos.

Há pouco tempo ele teve acesso aos papéis da adoção, que diziam que a mãe dele havia “fugido com outro homem” e o irmão o havia deixado na parada de ônibus.

Virada no orfanato

Sash foi para o orfanato criado pela ONG canadense Families for Children, que apoia e educa crianças abandonadas.

Sempre que a fundadora do grupo, Sandra Simpson, chegava ao orfanato, ele agarrava na saia dela e repetia uma combinação de “mamãe” e “Canadá”. E como ninguém queria um garoto daquela idade, Sandra decidiu adotá-lo. Hoje ela tem 83 anos.

Sash chegou a Toronto em 1979 e ficou maravilhado ao assistir TV pela primeira vez. Quando a documentação que formalizava a adoção de Sash Simpson ficou pronta, em 1984, a família tinha 26 crianças: 20 adotadas, quatro filhos biológicos e outros dois de criação.

Todos vieram de países destruídos por guerras civis, por desastres naturais ou pela miséria, desde o Equador até a Somália e viviam em uma mansão de 22 quartos em Forest Hill, um dos bairros mais ricos de Toronto, emprestada por um investidor e filantropo.

Primeiro emprego

Lá o menino cresceu, foi educado e arrumou seu primeiro emprego aos 12 anos. Ele entregava jornais para poder comprar as próprias roupas.

Aos 14 anos, começou a lavar pratos no restaurante onde a irmã mais velha, Melanie, era garçonete.

Como não se deu bem na escola, depois de tantos anos vivendo nas ruas, ele abandonou o colégio no último ano do ensino médio e passou a trabalhar em tempo integral na cozinha de restaurantes casuais, de estilo familiar.

Em 1993, viu o anúncio de uma vaga no North 44, restaurante de luxo na região norte da cidade. Sash foi recusado porque não possuía treinamento formal e se vestia como Michael Jackson, com cabelos caindo sobre os olhos e luva em uma das mãos.

Ele persistiu. Voltou lá mais duas vezes, até que o chef concordou em deixá-lo trabalhar por três meses, sem salário.

Assim, ele foi aprendendo conhecendo ingredientes, alimentos que nunca tinha visto e aprendeu a a cozinhar pratos elaborados.

Simpson acredita que foi sua ética de trabalho que o fez subir na carreira. Ele chegava cedo e trabalhava até tarde. Ocupava todos os espaços que encontrava e inclusive lavava pratos e carregava o lixo pra fora.

Em 2003, Simpson chegou ao cargo de chef executivo e se tornou responsável por supervisionar a cozinha e acompanhar eventos particulares e de gala. O serviço impecável fazia os ricos da cidade se sentirem especiais.

Ele lembrava até de quantos cubos de gelo os clientes gostavam no uísque e quais deles preferiam sopa e salada.

Restaurante próprio

No ano passado, Simpson inaugurou o próprio restaurante, chamado Sash, que arrancou elogios da imprensa.

Sash Simpson fez fama como chef de cozinha dos ricos canadenses, preparando lagosta embebida em chardonnay e hambúrgueres de foie gras de US$ 27 – mais de R$ 140.

E se tornou um dos chefs mais famosos do Canadá, com todos os toques luxuosos que nunca teve na vida.

Crise

Com a chegada da Covid-19 o comércio de uma forma geral entrou em crise e o dele não foi diferente.

Os estabelecimentos ficaram fechados por quase cinco meses, durante a primeira onda do coronavírus, e, depois de dois meses de recuperação, foram fechados novamente em dez de outubro.

O empresário pediu dinheiro emprestado para pagar os poucos funcionários que restaram, mesmo com a ajuda do governo.

E se reinventou novamente fazendo comida para delivery e preparando refeições para festas em família.

E como desde pequeno ele aprendeu a ter foco e lutar para sobreviver, agora, depois de adulto, Sash também não se deixa vencer.

Ele diz que vai manter o restaurante. “Eu era um menino de rua. Tenho de lutar por ele”, concluiu.




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