(Foto: Pintura de Saulo Porto)
Hoje escrevo sobre Perdão.Porque essa não é a primeira vez que o mundo fica escuro.Os dias sombrios chegaram. A frieza na alma e falta de esperança conversam conosco assim que acordamos. Não gostamos dos assuntos, porque é difícil encarar no que temos nos tornado como humanidade. E só vem uma coisa na minha cabeça, o vazio.
Já matamos a Deus. Agora chegou a hora de morrer? Não temos como existir sem Ele. Sem o criador, a criação vai perdendo o seu valor dia após dia, sem percebermos.
Porém, isso tudo são impressões. Impressões frias que deixam qualquer alma com resfriado. É uma pandemia existencial que mata mais do que o corpo, mata o espírito e a alma.
O Cristo na cruz viu um dia assim. Na hora da morte, as palavras que saem da sua boca ainda são o elixir da compreensão e da cura para dias como esses: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.”
Jesus abre mão de sua justiça pelo perdão. Eu me pergunto se não é esta a solução de tantos problemas humanos. Pela justiça, todos estamos errados. Não há um justo apenas. Todos erramos. Não podemos achar que o nosso pecado é menor do que o do outro. Aquele que denuncia o comportamento anti-cristão, cai no erro de fazê-lo em cima da mesma atitude. Mas o perdão é diferente. O perdão é renúncia, exige que não somos melhores do que ninguém... e que somos todos feitos do mesmo pó. E se Deus for ter misericórdia de mim, que tenha de todos os meus irmãos.
Enquanto que a justiça separa, o perdão apazigua, reconcilia e restaura. Por isso que atitude do perdão é uma das mais nobres, e portanto das mais raras. Contem em si um poder de trazer luz, vida, voz onde há trevas, morte e silêncio. Só o perdão move a justiça perfeita do coração de Deus.
Acredite do poder do perdão, perdoando. Os de vermelhos, de pretos, os de verde e amarelo, os de azul, os de roxo, os coloridos, os sem cor, os transparentes... afinal, somos tudo gente que (antropologicamente) escolhemos conviver para não morrer.
Não vamos, em nome da ignorância, cortar as raízes da árvore que nos dá sua sombra e seus frutos.
Saulo Porto