É provável que não saiba cravar se realmente foi assim, todavia, nos esforços que faço nos baús da memória, a primeira citação desse cidadão do bem, a mim chega pelo querido amigo Netinho Ponciano, e dessas coisas que não cabem em lógica, ainda que tenhamos estado juntos não mais que alguns minutos, provável que não passe de meia hora, temos crescido em afetos e respeito mútuo, daí a publicação desse texto para que outros possam, ainda que a distância, conhecer esse conterrâneo que como costumeiramente escreve a senhora Regina Santiago, é uma espécie de irmão.
Carlos Alberto Zaranza é filho de uma conhecida família aracatiense, a Família Zaranza, seu pais, Edson Chaves Zaranza e Maria da Costa Zaranza e seus irmãos tiveram de deixar a Terra dos Bons Ventos em 1960 por ocasião de uma cheia provocada pela grande quantidade de chuva que caiu na cabeceira do Açude Orós, daí provocando a saída do leito do Rio Jaguaribe, inundando as ruas, e para além do sofrimento de todos, inclusive para ter acesso as necessidades de alimentos, ainda havia o risco eminente que o Açude viesse a romper produzindo mais dores e dificuldades. É nesse quadro de muitas aflições, dificuldades e dúvidas que a família tiveram que deixar a Terra dos Bons Ventos. Já em Fortaleza no ano de 1962, ano que ficou marcado pela conquista do Bi-campeonato mundial de Futebol no Chile pela Seleção Brasileira, ele entra para o D.C.T (Departamento de Correios e Telégrafo), Durante esta passagem pela Loura desposada do sol, embalado pelo movimento da Jovem Guarda, cria um conjunto musical, cuja experiência considera uma das mais marcantes, pois naquela cena da época pode conviver com músicos como Fagner, oriundo de Orós, e Cirino e Netinho Ponciano, seus conterrâneos aracatienses. Nesse período seus ídolos eram Beatles e Elvis Presley e no Brasil amava as bandas FEVERS e RENATO E SEUS BLUE CAPS, chegando a fazer no futuro bailes com ambos que animaram a sua juventude.
No ano de 1970, ano da conquista do Tri-campeonato de Futebol no México pela Seleção Brasileira, ele se muda para o Rio de Janeiro, onde reside até hoje.
Bebeto Zaranza na década de 50 estudava no Colégio Marista de Aracati, o seu amigo, até hoje muito próximo, o nosso historiador Antero Pereira faz uma narrativa daqueles tempos da infância de ambos em um Aracati bem diferente do que temos agora: “nosso estimado amigo Bebeto Zaranza foi o líder da nossa turma na infância. Morávamos muito próximo, quase no final da Rua Grande. Tenho dele as melhores lembranças da minha infância. Lembro bem quando era Natal quando amanhecia o dia 25 logo de manhã cedo íamos para as calçadas com os brinquedos que tínhamos ganhado de papai Noel. Ainda acreditávamos em papai Noel! Lembro-me dos carros que ele mesmo fazia cuja carroceria era sempre de caixa de charutos. Houve um tempo que fizemos um circo no quintal da minha casa que tinha com trapezista um menino chamado Leo que vivia na casa do senhor Luis Pidoca, avo do Maninho. Dos banhos de rio no Porto dos Barcos que ficava nessa época depois do campo da Espinha, hoje campo São Francisco. Ele tem uma memoria fabulosa. Lembra até da bicicleta Monark de cor azul que ganhei num natal.
Mas houve um dia que meu amigo teve que ir embora por causa do possível arrombamento do Orós em 1960. Ele juntamente com a família foi residir em Fortaleza. Fiquei por muito tempo sem ter contato com ele. Depois eu soube que ele tinha ido para o Rio de Janeiro onde reside até hoje. Quando converso com ele volto ao tempo da minha infância e de tantos amigos e de tantos momentos felizes que vivemos no nosso Aracati.”
Após criar laços com Bebeto Zaranza tomei conhecimento de alguns dos seus hábitos, como exemplo, colecionar verdadeiras obras primas em carros e aviões de guerra, um paradoxo para um homem que é pura paz.
E, passei a admirar mais ainda em saber que ele mesmo fabrica, dando ênfase também a carros que habitam sua memória afetiva da época de sua infância em Aracati, não posso afirmar, talvez a psicologia até explique, mas o seu pai, Edson Zaranza foi o dono do primeiro carro que transportava as pessoas de Aracati a Fortaleza, um misto que passava pelo Rio Jaguaribe em pontões, não havia ainda a ponte Juscelino Kubistchek que fora construída apenas quando ele já havia deixado o Aracati.
Bebeto Zaranza já não bastasse ser este cara espetacular, ainda recebeu do Grande Arquiteto do Universo, assim ele nomina Deus, os dons mágicos da música, é um músico desde as priscas eras, já tendo sido mencionado até um Conjunto Musical na década de 60, como não poderia ser diferente possuidor um belo ouvido musical, seletivo naquilo que escuta e no que divulga. Amantes dos Beatles chegou a fazer uma viagem a Liverpool, apenas para sentir a energia que está ali impregnada dos quatro garotos que mudaram o mundo, que em dado momento foram mais conhecidos que Jesus Cristo.
Bebeto Zaranza, mora no Rio de Janeiro, é casado com uma senhora boníssima chamada Regina Celis, pai de Diego e Higor, e avô do Matheus, primeiro neto recebido como bênção através do casal Diego e Sabrina.
Algum tempo atrás, creio que levado pela generosidade de um outro amigo querido, o artista plástico Jorge Braga, também aracatiense que reside também na Cidade Maravilhosa, um nosso amigo já aracatiense de fato e direito, o poeta Dideus Sales visitou o querido amigo Bebeto Zaranza, com o qual, finalizo este texto com uma estrofe escrita por este amigo que brinca com as palavras que diz muito, talvez até mais que o texto inteiro, sobre este amigo possuidor de uma generosidade incrível e de uma capacidade fantástica de sentir a dor do outro e buscar amenizar dentro do que existe de possível.
Quando conheci Bebeto,
Através do Jorge Braga,
Vi um ser irrequieto,
Admirei sua saga.
Acolhedor, “Bon Vivant,”
Logo me tornei seu fã
Em razão da elegância;
Prestativo e bonachão
Até me deu a impressão
De um velho amigo de infância.
E assim, com a estrofe do poeta Dideus Sales encerro o texto, pedindo ao Deus Amor que cubra de bênçãos este filho amado do Aracati, que mesmo de longe, olha e procura servir sua terra em tantos que assim como ele ao sair da Terra dos Bons Ventos em 1960, passam muitas vezes as mesmas aflições, dificuldades e dúvidas.
Obrigado por tudo querido amigo Bebeto Zaranza!
Matéria linda sobre Bebeto!! Transmite genuinamente tudo de lindo que ele é!! ❤❤❤
Parabéns pai, o senhor merece.Bela matéria.
Belas palavras Sena meu amigo, Zaranza, é um homem na concepção da palavra, amigo, prestativo e apaixonado pelo Aracati, a visita do Dideus foi muito enriquecedora e espero em breve sua visita a cidade maravilhosa .