O padre Júlio Lancellotti, 71 anos, há décadas é conhecido pelas ações com moradores em situação de rua de São Paulo. E não seria a pandemia de coronavírus que impediria a continuidade dessas ações, pelo contrário.
Mesmo fazendo parte do grupo de risco da doença, o padre uniu voluntários para distribuir café da manhã, roupas e kits de higiene para moradores de rua do bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista.
O padre Júlio também levou profissionais de saúde para orientar essa população sobre os perigos do coronavírus. “Eles ensinam a lavagem correta das mãos, como proteger os outros ao tossir e a importância de evitar aglomerações”, explica.
Lancellotti repartiu álcool em gel entre os sem-teto e pediu para que trocassem abraços e apertos de mão por outro cumprimento: uma batida de cotovelos. “Precisamos ajudá-los a se prevenir como for possível.”
Essa ação começou na última semana e deve continuar de domingo à sexta-feira, todas as manhãs, na Paróquia São Miguel Arcanjo. Um dos voluntários é a jornalista Teresa Cristina, que não é católica, mas admira o trabalho do padre Júlio e faz questão de participar.
“Aprendei desde criança que o pouco que a gente tem é uma fortuna para quem tem nada.”
Ela ajuda a separar as doações, prepara parte do café da manhã e entrega os itens.
Júlio Lancellotti se esforça constantemente para solicitar ao Poder Público ações que favoreçam a população de rua. Uma delas é um abaixo-assinado online para pressionar as autoridades para a abertura de abrigos.
“A cidade de São Paulo tem, segundo último censo, mais de 24 mil pessoas morando nas ruas”, escreveu na petição. Então, ele pergunta: “o que será dessa população e de toda cidade durante a pandemia do coronavírus?”.