Dona Maria Santana deve estar orgulhosa, afinal, suas duas filhas gêmeas, Yaci e Yara, estão conquistando o mundo da moda com sua beleza estonteante e uma história de vida singular.
De origem quilombola, nascida na região de Viana, no Maranhão, dona Maria se mudou para São Luís, onde deu à luz as filhas. Elas tiveram uma infância humilde, convivendo com a pobreza até a juventude.
Essa realidade moldou o caráter de Yaci e Yara. Quando adultas, sentiram a responsabilidade de lutar contra a dura realidade da mulher negra brasileira.
Quebraram paradigmas dentro da família ao serem as primeiras mulheres a se formar na faculdade – Ciências Contábeis na Universidade Federal do Maranhão – anos antes de sequer imaginarem trabalhar como modelos.
Ao mergulharem no mundo da moda, romperam outra lógica: tornaram-se modelos já maduras (aos 30 anos), ao contrário da maioria das outras modelos, que começam a trabalhar ainda adolescentes.
Para Yaci e Yara, é justamente a raiz quilombola de sua família que marca os traços fortes e a beleza da cor de suas peles. Proporcionou também a força para perseverar e se destacar nas passarelas e capas de revistas. Hoje, estão na linha de frente da representatividade negra na indústria da moda.
No final do ano passado, as gêmeas estamparam sua primeira capa de grande relevância, para a revista Marie Claire. Na edição, elas vestiram coleções internacionais falaram sobre inclusão e representatividade, além de suas trajetórias de vida e como modelos.
Defensoras da causa feminista, Yaci e Yara enxergam em Djamila Ribeiro e Chimananda Ngozi Adichie, assim como na ex-primeira dama dos EUA, Michelle Obama, referências para suas lutas como mulheres negras, pela força, a elegância, o talento, que as duas agora também exibem nas passarelas e revistas.