Por anos trabalhando como catador de latinhas em Juazeiro do Norte (CE), Ciswal Santos foi aprovado pela Universidade de Harvard, tornou-se professor e hoje leva energia para escolas do continente africano.
Inicialmente, a ideia era implementar o projeto de geração de energia elétrica sustentável no Nordeste brasileiro, mas a iniciativa foi barrada por aqui.
“O meu projeto não gera dinheiro para ricos, favorece a população. Não é corrupto. Não é comercial, por isso não foi aceito [no Brasil]. Aqui [na África] foi abraçado e recebi muitos convites”, desabafou Ciswal ao Diário do Nordeste.
“Terça-feira, dia 21 estarei aí no Brasil, contou Ciswal em entrevista ao SóNotíciaBoa”. Ele fica até o dia 20 em Moçambique, onde levará iluminação à escola de uma aldeia. “Vai poder funcionar de dia e de noite”, garante o professor.
“O chefe da Aldeia Muzumuia adorou o projeto. Na verdade ele pirou com os benefícios em ter água, luz e internet de graça. Agora mãos a obra. Luz para África, teremos sim”, escreveu Ciswal na página dele no Facebook.
A primeira versão do projeto era voltada para famílias do semiárido nordestino a partir de placas solares que permitiam a captação de água de poços artesianos, e acesso à internet, disponibilizada via satélite.
Hoje, a iniciativa contempla Moçambique. Outros países africanos como Zimbábue, Congo e Madagascar se interessaram pela iniciativa do brasileiro.
Ciswal ficou conhecido após ser aprovado para estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em 2018. A implementação do projeto no continente africano se tornou possível no ano passado, após o professor ser nomeado embaixador de Direitos Humanos da Noble Order for Human Excellence (NOHE)
A entidade, presente em 17 países, é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
O pernambucano nasceu em Palmares e se mudou para Juazeiro do Norte na adolescência quando seu pai, também professor, foi transferido para a cidade de Serra Talhada (PE).
Os pais se separaram e a mãe assumiu sua guarda. Ela ganhava R$ 15 por faxina, lutando para dar sustento ao filho.
Para se manter na escola e ajudar a mãe com as despesas de casa, o jovem resolveu trabalhar em um mercantil entregando compras de feiras de bicicleta.
Pouco antes de completar 16 anos, Ciswal entrou na faculdade. Ele teve que buscar no lixo a solução para seu sonho de continuar estudando.
Catava latinhas na rua. Com o pouco dinheiro que conseguia, pagava xerox, apostila, livros e impressões.
“Eu tive dificuldade para estudar. O pessoal sabe disso. Eu superei e é através da educação que estou onde estou. Decidi que, enquanto vida tiver, enquanto Deus me der inteligência, duas pernas, dois braços e uma cabeça para pensar, eu vou resolver os problemas dessas pessoas. Não vou querer ganhar dinheiro com isso. Quero minhas ideias para ser canal de solidariedade, canal de oportunidade para estas pessoas”, concluiu o professor.
No vídeo abaixo, o professor mostra como funciona o equipamento que ele desenvolveu: