Lembra da pele de tilápia – que em 2017 foi usada para tratar queimados em Fortaleza, no Ceará e depois foi levada pela Nasa em 2019 para testes em órbita? – Agora a pele do peixe brasileiro também está sendo usada para tratamento de queimados no Rio de Janeiro, no Hospital Municipal Souza Aguiar.
O CTQ – Centro de Tratamento de Queimados – da unidade hospitalar é o primeiro do Estado a utilizar a técnica desenvolvida pela UFC (Universidade Federal do Ceará).
O hospital informou que duas pacientes com queimaduras graves foram tratadas logo no primeiro mês com a pele do peixe de água doce, e apresentaram cicatrização mais rápida e com menos queixas de dor.
“A pele de tilápia é um curativo biológico e tem apresentado resultados terapêuticos melhores até do que a pele de cadáver”, disse ao R7 a chefe do CTQ do Hospital Municipal Souza Aguiar, a cirurgiã plástica Irene Daher.
Ela explicou como a pele do peixe é usada:
“O material é hidratado e aplicado diretamente sobre as queimaduras, sem a necessidade de pomadas ou outros insumos. Conforme as lesões vão cicatrizando, a pele de tilápia vai se soltando. Os pacientes relatam coceira neste período final, o que é uma reação típica do processo de cicatrização”, contou.
Desinfecção
Para ser utilizada, a pele da tilápia passa por um processo de preparo e desinfecção que inclui exposição a raios gama (radiação).
O material resistente, elástico e rico em colágeno pode permanecer no local por até 10 dias, o que reduz os riscos de infecção e custo do tratamento pela metade.
O material aguarda a licença definitiva da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – para poder ser utilizado em tratamentos de queimaduras em todo o SUS Sistema Único de Saúde).