A jovem Wanessa de Souza, filha de ex-catadores do lixão do Aurá, na região metropolitana de Belém, ganhou uma festa surpresa em casa, com direito a bolo, refrigerante e valsa.
Ela, que sequer imagina ter uma festa de aniversário, ficou sem palavras diante da atitude de estudantes e voluntários da ONG Noolhar, responsáveis pela organização.
“Foi legal, fiquei emocionada porque foi surpresa pra mim! Não passou pela minha cabeça, pensava que ia sair com a minha mãe pra passear e eles chegaram”, conta Vanessa.
A ideia da festa surpresa que aconteceu no último domingo, 8, surgiu durante uma visita de um grupo de estudantes de Terapia Ocupacional, que está desenvolvendo um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o estímulo à brincadeira para crianças carentes.
Juan Ribeiro, 25, Samara Eleres, 20, e Lorena Parente, 26, contam com a ajuda da comunidade, incluindo ex-catadores do lixão do Aurá, desativado em dezembro de 2015, para construir uma brinquedoteca que vai atender as crianças.
“Foi tudo muito espontâneo, chegamos lá e a mãe da Wanessa já nos indicou o lugar para fazermos a brinquedoteca, quando soubemos do aniversário. Então para não deixar passar em branco, resolvemos comprar as coisas e fazer essa surpresa, com direito a valsa e tudo. Até o príncipe dela eu fui”, contou Juan.
Dona Antônia, mãe de Wanessa, conta que a filha ficou muito feliz com a iniciativa.
“Ela vê a nossa realidade e realmente não esperava. Teve bolo, refrigerante, docinhos, chamaram o pessoal da vizinhança, foi todo mundo”, diz a ex-catadora.
Segundo o voluntário Juan, como muitas famílias enfrentam problemas com a baixa renda, muitas crianças estão sem estudar. “Já iniciamos também uma campanha para arrecadar material escolar para doar às crianças e tentar incentivá-las a voltar para a escola”, afirma.
A família de Wanessa é acompanhada pela Ong Noolhar desde quando ela tinha dez anos. A organização promove atividades para incentivar o desenvolvimento sustentável com ações educativas e também sobre conservação do meio ambiente.
“O trabalho da ONG, junto ao nosso, em Terapia Ocupacional, cai muito bem porque estamos reciclando objetos e também ajudando as crianças a continuarem brincando”, contou Juan. “Nossa vontade nesse trabalho era fazer, além de ter o ser humano como objeto de estudo, criar um projeto que possa fazer a diferença e, quem sabe, outros grupos possam continuar também ajudando a comunidade”, ressalta Juan.
Wanessa que está no 7º Ano tem um sonho:
“Quero ser advogada quando crescer. Acho que é um bom emprego. Quero ajudar a minha família”, diz a adolescente.
Mais informações sobre como ajudar a família de Wanessa e outras que vivem no Aurá, podem ser obtidas pelo telefone (91) 99325-4025.