O ambulante Elias Francisco do Nascimento, 27 anos, pedala 90 quilômetros todos os dias entre sua casa, em Duque de Caxias, e a Zona Sul do Rio de Janeiro, onde vende doces, recarga de celular e chinelos personalizados.
O trajeto de ia e volta em cima da bicicleta dura cerca de duas horas, extremamente cansativo, mas ele acredita que o esforço vale a pena. Até porque Elias não tem muita escolha – precisa se virar como pode, para garantir um dinheiro honesto no fim do mês. Ele faz isso de segunda a segunda.
“Todo mundo que gosta de trabalhar gosta de ter seu dinheiro honesto, em tirar nada de ninguém. Mas é muito cansativo. Não tenho descanso, não paro domingo nenhum para ficar à toa, tenho força de vontade de trabalhar”, declarou ao G1.
Elias conta que prefere ir trabalhar de bicicleta porque não precisa carregar as mercadorias nos braços, consegue fazer seus próprios horários e economiza o valor da passagem de ônibus ou trem, além de evitar a concorrência nos coletivos.
As crianças são os clientes favoritos do vendedor e os doces que mais saem são os de amendoim, as balas de tamarindo, pipoca rosa, cocada e doce de leite – deu até água na boca! E só não compra os doces de Elias quem realmente não quer. Isso porque ele carrega três maquininhas de cartão de crédito – Elias já passou até 10 centavos nas maquininhas.
“Enquanto nas lojas o vendedor só passa acima de R$ 10, eu passo até uma bala de R$ 0,10. Tem que pensar no lado do cliente que às vezes quer comer um doce, mas está sem dinheiro. Vendo mais com a maquininha, tenho notinha de tudo, R$ 0,10, R$ 0,50, R$ 1,50, nunca perdi venda por isso”, explica Elias, orgulhoso.
Na bicicleta de Elias, chama a atenção um cartaz que diz “Magazine Junior”. É para dar credibilidade ao seu negócio, inclusive ele carrega nas bolsas os documentos que garantem a legalidade da bicicleta (custou 650 reais), o aluguel das máquinas de cartão, a compra das mercadorias e até mesmo os documentos que comprovam todas as suas vendas. Um dia bom de vendas rende 120 reais, garante Elias.
Futuramente, o vendedor quer equipar sua bicicleta com mais quatro caixotes – por enquanto, são três – e transformá-la numa pequena mercearia, para vender de tudo: de sabão em pó a coco relado. O sonho da casa própria e de construir uma família ainda está distante, mas ninguém tira sua esperança de que esse dia vai chegar.