Demora um tempo para que os professores e funcionários de uma escola decorem os nomes dos estudantes, ainda mais se o número de estudantes for muito grande - nem sempre é possível e nós compreendemos.
A história muda quando o número de alunos é menor, em relação à maioria das escolas, e, principalmente, quando se pratica uma pedagogia "baseada no amor", e não em hierarquias que já não funcionam nos dias atuais: professores e funcionários falam, enquanto ao estudante resta apenas escutar e obedecer.
É assim que a coisa funciona no Sítio Escola 4 Elementos, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Exemplos dessa relação saudável na comunidade escolar não faltam, pelo contrário. Um deles é a bonita amizade entre o estudante Vitor (mais conhecido por "Vitim" <3), de 12 anos, que tem necessidades especiais - mas tira isso de letra, e o zelador do Sítio, Carlos Aberto ("Caubé"), de 45.
Olha só a lindeza desse vídeo de uma criança lendo para os coleguinhas debaixo de uma árvore:
"Uma das exigências da direção é que a gente saiba o nome de todos os alunos e alunas, e tratem todas as crianças e adolescentes com respeito, carinho e amor. É sempre um susto para um profissional novo, que vem de outra escola. Alunos e alunas se abraçam, conversam de igual para igual, questionam, brincam", disse Rafael Mansur, um dos quatro gestores da escola, em entrevista ao Razões para Acreditar.
De tão próximos que são, certa vez, Vitor, que está no 6º ano do ensino fundamental, passou mal e Caubé largou o trabalho e foi cantar para o garoto para que ele ficasse bem - Vitim ficou bem rapidinho.
"O Vitor estuda no horário integral, então, de manhã, ele cumpre o horário de aula normal. À tarde, ele tem algumas atividades livres, com acompanhamento, e um tempo de ócio, que é proposto pela metodologia da escola também. E é, à tarde, e no recreio, que Vitor e Caubé fazem tudo juntos. Rastela a escola, limpa o laguinho, cuida dos animais, ajuda a consertar etc."
Caubé se emociona todas as vezes que ouve Vitor dizer que quer ser zelador como ele. E não é da boca para fora: é comum ele oferecer ajuda a Caubé nas atividades do zelador. Caubé aceita de bom grado a generosidade, mas só depois que ele termina as atividades - ele não precisa de ajudante, mas adora a companhia de Vitim.
"Ele é uma benção. Super inteligente, conhece as ferramentas. Ele gosta muito de me ajudar", disse Carlos Alberto, pai biológico de uma menina de 11 anos, e "pai espiritual", segundo ele, de Vitor: "Tenho dois filhos, Camila e Vitinho".