Monaliza Furtado é professora da rede pública municipal há 18 anos e, atualmente trabalha na Escola Municipal de Ensino Fundamental Esperança, em Montenegro, Rio Grande do Sul. Neste ano, ela desenvolveu um projeto especial com os alunos do quarto ano do ensino fundamental, que tinha como objetivo trabalhar a representatividade e o empoderamento da criança negra. (Você também pode apoiar causas com Visa, sem pagar nada a mais por isso, inscreva-se aqui.)
Em relato ao site Porvir, ela diz que se inspirou em um dos maiores e mais conhecidos educadores do mundo,Paulo Freire, a professora utilizou a letra da música "Bonecas Pretas", da cantora Larissa Luz para propor uma reflexão crítica sobre a realidade, questionando os alunos com perguntas como : "Se eu não pareço com quase nenhuma boneca ou personagem em destaque, será que não sou tão bonito? Não sirvo como modelo? Como se dá a construção do conceito de beleza? Somos livres pra construir a ideia de bonito ou feio?"
Além de terem entrevistado a escola inteira para descobrir quais as características físicas que os estudantes consideravam bonitas nos outros, depois foram até as lojas de brinquedos mais próximas à escola, para saber se a criança negra estava sendo bem representada, já que a grande maioria dos alunos da escola é negra.
Surpresa com o resultado da pesquisa, Monaliza percebeu que havia um consenso: grande parte dos alunos tinham problemas de autoestima, consideravam quem tem cabelos lisos e olhos claros mais bonitos do que eles e, em alguns casos, mal conseguiam se olhar no espelho.
Após este trabalho inicial, as crianças construíram bonecos e bonecas com as mesmas características físicas que eles, para que eles se sentissem representados e ela confirma: "As crianças negras, principalmente, melhoraram significativamente o olhar sobre si mesmas, fator esse que me enche de alegria".
A iniciativa também foi apresentada às famílias dos alunos, que apresentaram o resultado desde intenso trabalho proposto por Monaliza. Eles saíram de sua zona de conforto, aprenderam, se questionaram e, sobretudo, criaram um senso crítico que levarão com eles para o resto de suas vidas, que mostra que, representatividade importa sim e que para que exista respeito, aceitação e empoderamento, precisamos estar abertos a conversar abertamente sobre as coisas. Que projeto incrível!
Com informações de Porvir