Existe sensação pior do que ficar doente e não ter ninguém pra cuidar da gente? Quando estamos doentes fisicamente, também ficamos fragilizados emocionalmente e por isso é tão angustiante não ter ninguém por perto. Mas ter que ir ao hospital sozinho, então consegue ser muito pior.
Mas neste caso, o motivo foi outro. Gabriel Santos estava com uma dor de garganta daquelas, com febre e muito mal estar quando percebeu que deveria ir ao pronto socorro. Mas a questão era que sua esposa não estava em casa (ela é comissária de bordo, e por isso viaja bastante) e ele não deixaria seu filho de 3 anos, Davi, sozinho em casa, então teve que acordar o pequeno de madrugada e pedir que o acompanhasse.
Mesmo sendo tão pequeno e sem entender bem o porquê de ter sido acordado no meio da noite, o garotinho foi, não reclamou, não chorou e ficou o tempo todo ao lado do seu pai: "Sim. Papai, eu cuido de você".
A questão que estamos querendo tratar é a de que um garoto tão pequeno compreendeu que seu pai estava precisando ir ao hospital e ficou ao lado dele o tempo todo, mostrando que seu carinho e amor por seu pai não é menor só porque ele é pequeno. Muitas vezes a gente acaba achando que as crianças não entendem o que está acontecendo, mas isso não é verdade. Inclusive, elas nos ensinam todos os dias, como amar sem cobrar, sem esperar nada em troca e de forma genuína e ingênua.
Gabriel, possui um site e está organizando um grupo de pais e mães participativos. Ele afirma que a presença do pai é de extrema importância para as crianças e luta para que outros homens sejam também dedicados, ele se autointitula "papaibanana".
Leia o texto que este pai postou, na íntegra:
Enquanto faço a ficha cadastral para ser atendido no hospital, olho pra ele e pela primeira vez me bate um sentimento diferente: Orgulho.
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Tirei ele da cama às 4:50 da manhã, porque eu não aguentava mais a dor de garganta. Nunca achei que fosse ter que ir para o pronto socorro pela dor que "dor de garganta" estava causando, mas fui. Com a mãe voando, não tive outra escolha senão levá-lo comigo.
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Acordei-o e disse: "Filho, o papai está muito dodói, você me leva no médico?".
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Ele disse: "Sim. Papai, eu cuido de você" - com essa fluência.
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Não chorou, não reclamou, não resmungou. Sentou-se na cadeirinha do carro e me levou para o hospital.
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Chegando lá, ninguém entendia porque eu estava com uma criança de 3 anos no pronto socorro sendo que não era a criança que precisava de atendimento. Me direcionaram para a pediatria por engano 2 vezes. E quando o médico me chamou, insistiram para que eu deixasse a criança com outro acompanhante antes de entrar no consultório.
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"Ele é meu acompanhante" - eu disse orgulhoso.
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Me senti amparado. Pra quem é filho único - como eu - essa sensação de ter alguém por perto não é comum. Eu queria abraçá-lo, segurá-lo, fazê-lo entender o quão importante é a presença dele na minha vida. Mas ainda não consegui, ele ainda não entende a dimensão disso tudo.
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Meu filho, meu amigo, meu acompanhante.
Veja a publicação original do Papai Banana:
Gabriel sempre publica o dia a dia da família no Instagram e fala muito sobre a forma que ele e sua esposa criam o Davi. Em uma ocasião ele comentou sobre quando é indagado por outros homens sobre o fato da Vanesa (sua esposa) trabalhar umas 4 vezes por semana fora de casa (ela é comissária de bordo) e ele ficar sozinho com o Davi. Leia:
"Estava num churrasco esses dias, no clássico clube do bolinha: mulheres dentro de casa mantendo as crianças vivas, enquanto arriscavam uma vida social, entre elas, homens em volta da churrasqueira, meio que num ritual de sacrifício pela carne sendo queimada.
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Papo vem, papo vai, um cara lançou: "Mas diz aí Gabriel, como é aqueles 'barato' que você faz na internet? Massa as fotos com teu filho". .
De início, uma galera fica boiando, mas a gente vai explicando: as fotos, os assuntos, as palestras, o propósito, etc. Rolam umas piadas às vezes. Eu adoro.
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Nesse dia tinham uns amigos de uns amigos, que não estavam entendendo muito bem que parada era essa de Papai Banana, e como era esse negócio da Vanessa ser comissária de voo, e eu ficar sozinho com Davi uns 4 dias por semana.
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"Mas aí você que leva e busca na escola? E você dá almoço, jantar? E você acorda de madrugada?" Um deles lançou uma teoria de que fazer tudo isso com o filho poderia afrouxar o esteriótipo de que pais precisam ter autoridade, serem fontes inesgotáveis de respeito, e causarem medo nos filhos. "Você tá fazendo o papel da mãe, como seu filho vai te respeitar como pai?!"
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"Ah mano, em casa isso não funciona. Parece meio coisa de mulherzinha, você lava louça com avental também?!". Hahahhaa, rimos muito. Enfiei o espeto no olho dele.
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Sério agora, se estar ali para o meu filho na saúde e na doença: no passeio do shopping, e nas madrugadas em claro (como ontem!), se brincar de panelas, assistir frozen, dar banho, por pra dormir, se ser essa fonte de proteção inesgotável pra ele, se tudo isso for coisa de mulherzinha, então sim, sou #mulherzinhasim! Há 3 anos virei essa mulherzinha mais orgulhosa que existe
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Convido você a postar uma foto do seu marido, fazendo qualquer atividade taxada pela sociedade como sendo da mãe, e utilizando a Hashtag #mulherzinhasim. Não se cale!"