Sentimentos de indignação, injustiça e solidariedade fizeram pedestres salvar um vendedor ambulante que ia perder toda a mercadoria que tinha para a fiscalização, também chamada de "rapa".
"Senti que ainda existem pessoas que se preocupam com o próximo", disse o ambulante Leonardo Ferreira Santos, de 53 anos.
O vídeo em que as pessoas compram todos os sucos e o vendedor chora, viralizou nas redes sociais, com 3,3 milhões de acessos até a noite desta quinta-feira. (assista abaixo)
Leonardo está desempregado e conta que saiu de casa pra vender salgados e suco para juntar dinheiro e comprar um botijão de gás.
Sem renda fixa, ele trabalha como ambulante para pagar o aluguel, de R$ 350 por mês.
Solidariedade
Leonardo conta que um fiscal da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos chegou e afirmou que o ambulante estava atuando irregularmente no meio da praça, em desobediência ao Código de Posturas do município. O servidor informou que apreenderia o carrinho e os produtos.
No mesmo instante começou um bate-boca entre Leonardo e o fiscal, e a Polícia Militar foi chamada. Pessoas que passavam pelo local se aproximaram.
O ambulante conta que, quando percebeu que não conseguiria impedir a apreensão, começou a distribuir o suco de graça para quem passava.
"Aí, pessoas começaram a falar: 'Você não vai distribuir de graça, não. Você está trabalhando, não está roubando'. O pessoal começou a me dar dinheiro, a pagar pelo suco", relata Leonardo.
"Fiquei emocionado e comecei a chorar, porque eu estava precisando de dinheiro para pagar o gás. Foi um gesto nobre de eles pegarem o dinheirinho deles…. Teve gente que me deu até R$ 10, e nem dei troco, porque não tinha mesmo", acrescenta, informando que três rapazes ainda impediram que o carrinho fosse apreendido pela fiscalização.
Gratidão
O ambulante confessa que, além de ter se emocionado, se sentiu privilegiado por contar com a solidariedade de gente que ele nem conhecia.
"Eu me sinto um privilegiado pelo fato de as pessoas acreditarem em meu trabalho - na qualidade dos produtos que eu vendo - e de as pessoas serem mais humanas e humildes com os outros", afirmou.
Casado e sem filhos, Leonardo informa que já viveu em São Paulo e há quatro anos e meio mora em Montes Claros.
Desempregado, recorreu à venda ambulante de salgados e sucos para se manter. Ele considera que recebeu um reconhecimento de sua batalha pela sobrevivência.
"As pessoas se sensibilizaram e reconheceram a minha luta, o meu trabalho. Eu não fui ali para brincar. Quando você sai de casa, sai para defender o pão de cada dia. Então, me senti honrado, não por causa dos governantes, mas por causa do povo."
Leonardo aproveitou ainda para dar um recado: "Peço que os governantes olhem para os pequenos, para os microempreendedores. Os ricos estão lá em cima por causa dos pobres. Nós que somos a diferença".
Assista:
Com informações do EstadoDeMinas