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Erasmo Pitombeira, uma mente brilhante que retorna ao Pai.

Publicada em 23/11/17 as 11:40h por Francisco Sena Garcia - 3802 visualizações

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 (Foto: Reprodução)

Ao longo da minha vida aprendi a admirar o Dr. Erasmo, assim o meu pai, Seu Beni Garcia, agricultor de quase noventa anos bem vividos o chamava.

Era comum ver o quanto os homens acostumados a dura lida com a mãe Terra tinham de admiração, respeito e carinho por esse amado filho do sertão.

Ainda que apaixonado pelas coisas do campo, pela mãe natureza, pelos aboios, pássaros, vida de curral, menino tangendo carneiros como diz a bela canção, ele ousou gostar das coisas do mar, poucos conheciam como ele os mares e as marés.

Ele mesmo se dizia ser "um construtor de portos", foi o engenheiro responsável pela construção do Porto do Pecém e presidiu por oito anos a Ceará Portos.

Na sua Casa Mãe de MUTUCA era o coração aberto a todos que ali buscavam a conversa franca, o sorriso sincero, o abraço afetuoso e honesto.

Ele mesmo com nome de doutor soube guardar em seu coração a delicadeza do menino que ainda criança veio passar férias na MUTUCA, seus pais Beatriz Pitombeiras e Manuel Silva moravam nas PEDRAS.

E ali, a senhora Maria Silva e seu amado esposo Antônio Silva Sobrinho da Fazenda MUTUCA o acolhe como filho e naquele pedaço de chão entre FORQUILHA e AROEIRAS ele faz seu ponto de partida para todos os voos. Antônio Silva Sobrinho é o pai que o faz doutor, o Dr. Erasmo, tão querido pelo povo do nosso sertão.

Com o passar do tempo a Casa Mãe que o acompanhou na infância foi por ele totalmente restaurada, para assim manter acesa a memória dos seus antepassados.

Homem dado às histórias que chegavam a seus ouvidos,  escreveu em um livro a verdadeira SAGA da pega do Boi Saia-Branca, um boi bravio que atemoriza aos vaqueiros da região, de propriedade do seu tio amado, o Senhor Chiquinho Silva.

Na manhã de hoje ele encerra a sua jornada terrena, como bem disse o Mestre Ariano no seu Auto da Compadecida:  "Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre."

E lá se vai o amigo de todos os homens do campo...

E lá retorna o respeitado professor universitário...

E assim volta para casa o homem tão do mar, capitão do mar...

Volta a Casa Paterna para ser vaqueiro no céu.




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