Outra vez a emoção veio fazer morada em meu coração, novamente os educandos do Colégio Marista de Aracati enriqueceram as imagens que carrego comigo ao produzirem a partir da ótica deles e da pesquisa que não termina nos textos, entretanto, permeia a vida e as múltiplas existências a partir de descobertas e redescobertas de verdades universais.
Fiquei impressionado como eles conseguiram trazer para tão perto deles e de todos os presentes a cidade de ALEPPO, durante a terrível guerra da Síria, com suas mazelas, dores, sofrimentos, angustias e toda sorte de atrocidades de uma guerra cruel e totalmente desnecessária.
A bela Aleppo de outrora, cheia de sol e de sonhos, agora é escombro. As crianças já não mais frequentam as escolas, a guerra dos terroristas sírios fez desmoronar os sonhos como desmoronaram as paredes das escolas a partir de muitas explosões.
Os terroristas proibiram as escolas, recrutaram as crianças, as fizeram trabalhar nos mais pesados e cruéis serviços.
Os baianos da Tropicália uma vez escreveram que "o Haiti é aqui".
Ontem, no encerramento da FEMAC - Feira Marista de Arte e Cultura os artistas daquela escola escreveram que Aleppo era exatamente ali.
A CIA BACO DE TEATRO e a CIA DE DANÇA CONTRATEMPO através da mais bela arte mostraram que "o grito, na verdade, nos rasgava por dentro".
O filme A LISTA DE SCHINDLER nos dá como fala em uma das últimas cenas a mais célebre lembrança do filme que narra os horrores do holocausto "Aquele que salvou uma vida, salvou a humanidade inteira".
O espetáculo apresentado traz esse conceito de um mundo sem fronteiras, a dor de Aleppo na Síria, no Oriente Médio, é a dor da Pátria Ameríndia, é a dor do Brasil, é a dor de cada um que forma essa humanidade bela, porém doente.
Uma das personagem nos dá o belo texto da linda canção pacifista do famoso Beatles, ela diz:
Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será como um só...
Eles fizeram com que esse mundo fosse um só. Rostos machucados, roupas em
farrapos, sangue jorrando de vidas quase ceifadas, eles dançaram e cantaram,
foi magistral a crueza da DEUS LHE PAGUE do não menos incrível Chico Buarque de
Holanda.
Os acordes da sempre mágica Hallelujah, imortalizada pelo seu compositor Arnaldo Cohen foi um dos momentos mais significativos para retratar a vida que brota da morte.
O belíssimo ACALANTO de Luis Aranha ao dizer "A dor que leva contigo logo vai cessar", era um prenúncio de um final magistral.
Artistas de rostos cobertos com vendas e capuzes diziam claramente do que era visível, o mundo fingia não ver as dores de Aleppo, muitos horrores no mundo são invisíveis para muitos da humanidade que ainda não veem o outro como pedaço de si.
Bana Alabed, garota de sete anos que ficou famosa no mundo todo por seus tuítes denunciando as condições terríveis de vida nas regiões sitiadas de Aleppo se conseguia ver em tantas outras que libertadas dos horrores da guerra, dançaram magistralmente sem as roupas rotas e puídas, os figurinos não tinham mais nenhuma marca da guerra cruenta, a linda IMAGINE de John Lennon era cantada e dançada, olhos sensíveis sentiram os ciscos que durante o espetáculo eram contidos, artistas do espetáculo narravam a cena linda na Linguagem Brasileira de Sinais, enquanto o Santo Fundador São Marcelino Champagnat entrava acompanhado da Boa Mãe, a sempre presente nas dores e alegrias de um povo. Nossa Senhora!
Milhões de Parabéns ao Colégio Marista de Aracati, aos arte educadores Renildo Franco e Michelle Cristyanne e a todos os alunos que de uma forma fantástica realizaram o espetáculo Aleppo.