O poeta pode contar ou cantar as coisas, não como foram mas como deviam ser; e o historiador há de escrevê-las, não como deviam ser e sim como foram, sem acrescentar ou tirar nada à verdade.
E assim começa um bom conflito por qual caminho seguir, o dos poetas, como Herculano Moura, Leontino Jr ou Marciano Ponciano ou dos historiadores como Rosália Nepomuceno, Professora Stelinha ou Antero Pereira?
Difícil resposta.
Acho que nessa situação o que pode e deve ser feito é deixar falar o coração.
O poeta cantou: "Um dia feliz às vezes é muito raro".
Um outro respondeu: "Felicidade é só questão de ser".
Um já saudoso canta: "A felicidade é uma arma quente".
E assim nessa dicotomia da felicidade que parece difícil e nessa que acontece em nós quando nos deixamos tocar a verdadeira essência podemos dizer que nos últimos dias em ARACATI, vivemos dias de história, dias de felicidade.
Os velhos paralelepípedos da velha cidade voltaram a se arrepiar, não que ali passassem sambas imortais, mas porque ali tivemos a oportunidade de viver outra página feliz da nossa história.
Acredito que todos os povos sintam orgulho do seu rincão, do seu torrão, do seu chão sagrado, porém, o povo aracatiense, quem sabe por herança de uma ancestralidade pujante seja ainda mais entusiasmado por tudo que pareça motivo de vibração, de celebração, de glória.
Passeia pela minha memória a longínqua década de 70 quando ARACATI ganhou uma disputa no Programa Irapuan Lima que tinha o título A MINHA CIDADE É A MAIOR, o que encheu sua gente do bom orgulho, outras tantas conquistas vieram depois, INTERMUNICIPAL DE FUTEBOL DE SALÃO (hoje FUTSAL), programa de estreia na Rede Globo com o Programa Zumbi do Desenvolvimento das Aprendizagens contando as nossas experiências exitosas na educação, "takes" do nosso Carnaval na TV em horários nobres, vitória na DANÇA DA GALERA do Domingão do Faustão, enfim, alguns momentos que fez seu povo bem orgulhoso e feliz em se dizer aracatienses.
Aracati viveu dias de festa e encantamento por ocasião da FESTA DO LIVRO E DA LEITURA que aconteceu por dois momentos, orém, como disse tão bem o saudoso Belchior "o tempo andou mexendo com a gente".
E como mexeu...
Esse tempo mexeu de tal forma que o brilho do olhar, o sorriso largo que denota a verdadeira felicidade andava distante, passou a se ver o que cantou o poeta: "ferrugens no sorriso".
As dores, sofrimentos, angústias, medos e tristezas dado a escassez das BOAS NOTÍCIAS e dos BONS MOMENTOS acabaram-se por se potencializar e fazer com que uma das características mais marcantes do aracatiense ficasse menor, um, outro e mais outro acontecimento negativo faziam com que muitos dos seus filhos guerreiros do entusiasmo e daquilo que é prazeroso ficassem mexidos, sem graça, sem a arte do sonho estampada no rosto.
Porém, enquanto muitos dormem, outros tantos sonham, dormindo ou acordado, mas sonham.
E eis que um desses sonhos tomou forma e, pronto.
A cidade histórica voltou ainda que por alguns dias a sentir o mesmo orgulho de se dizer aracatiense que era sentido outrora.
O I Festival Gastronômico do Aracati, um evento que no nome fazia alusão a comidas, ao prazer de comer, acabou por transcender o alimento para o corpo e alimentou espíritos famintos de afetos, alegrias, sorrisos, encontros, partilhas e a magia da felicidade que se renova quando nos permitimos encontrar.
Aos idealizadores os nossos mais sinceros parabéns!
Ao prefeito Bismarck Maia os elogios pela determinação e ousadia em fazer na prática o que já fora teorizado por tantos e nunca efetivado com tanto zelo e organização, a transformação da belíssima Rua Grande em um ponto turístico com a grandeza que ele tem.
Aos comerciantes que resolveram participar do I Festival Gastronômico de Aracati a garantia de que fizeram uma excelente escolha, vi muitos sorrisos nos rostos de alguns com quem conversei, pelo êxito nas vendas e pelos contatos estabelecidos.
E, em especial ao povo lindo e amado dessa Terra dos Bons Ventos que me acolheu faz 40 anos e que me permite amá-la como se fosse minha, os meus mais honestos sentimentos de carinho e gratidão por juntos termos vivenciado duas noites encantadoras e cheias de tantas alegrias boas e verdadeiras.
Gosto da frase que diz: "Chegar e partir são só dois lados da mesma viagem".
Que o que vivenciamos seja apenas um primeiro passo para uma caminhada bem maior que pode e deve acontecer, existem muitos outros sonhos a serem sonhados e muitos caminhos a serem percorridos, os casarões históricos, os paralelepípedos da velha cidade e em especial o seu povo, esperam ansiosos por novas ações que continuem a fazer os filhos dessa terra e os que aqui chegam, assim como eu, e a adotam como sua, sentirem o belo orgulho de em alto e bom tom dizer: Eu sou do Aracati!