O curso de arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma das mais respeitadas instituições de ensino superior no país, pediu aos estudantes da disciplina Casa Grandeque projetassem um imóvel de alto padrão com espaço separado para empregados, incluindo quartos e banheiros.
Os estudantes repudiaram a proposta do professor da disciplina em nota postada pelo diretório acadêmico da Escola de Arquitetura (EAD) da UFMG. "Historicamente, a casa grande e a senzala, em hierarquia, sempre se delinearam como pilares da ordem escravocrata no Brasil, estruturada em uma produção latifundiária completamente controlada pelo senhor do engenho, que tentava exercer poder sobre a vida de seus escravos, empregados e moradores", diz a nota.
Conforme a publicação, os alunos deveriam formar duplas para fazer um estudo preliminar e o anteprojeto de uma residência de 800 metros quadrados em um terreno de 4 mil metros quadrados, no condomínio Vale dos Cristais, em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte. O projeto deveria incluir: cinco suítes, área de serviço com cozinha, lavanderia, despensa, depósito, cômodos técnicos e quartos e banheiros para oito empregados.
Os estudantes afirmam que o trabalho "reforça os padrões sociais que vão ao encontro das estruturas do Brasil Colônia e fogem da realidade da maioria dos indivíduos que compõem a população brasileira, utilizando a proposta da disciplina para justificar a produção de uma arquitetura racista". No final da nota, eles exigem o cancelamento da disciplina, por perpetuar o racismo.
Publicada na quinta-feira passada, 27, a nota de repúdio recebeu mais de 3 mil reações e foi compartilhada mais de mil vezes. Não existe consenso entre os comentários. Alguns usuários parabenizam a atitude dos estudantes, enquanto outros contestam. E, você, o que acha da atitude dos estudantes?