A vida não espera a gente ficar pronto para nada, parece que ela nunca tem tempo, o nosso tempo. Tudo é imprevisível, nada é seguro, e a todo instante nos deparamos com o que não queríamos, não gostaríamos, jamais esperávamos.
Nós nos preparamos todos os dias para o amanhã, estudando, planejando, economizando, na esperança de que o futuro sempre seja melhor do que o hoje. Vamos, assim, nutrindo sonhos de desfrutar o que desejamos no momento certo, quando estivermos preparados para aproveitar o que queremos, junto a quem amamos. É assim que conseguimos lutar e levantar a cada manhã.
Juntamos dinheiro para a tão sonhada viagem a Paris. Economizamos, trocando os shoppings pelas lojas de construção, lutando por cada tijolo da casa que abrigará o nosso lar. Investimos o que podemos e não podemos em nossos filhos, dispondo-lhes inúmeras chances de vencerem na vida. Estudamos, fazemos cursos e mais cursos, sonhando com uma promoção no emprego, ou mesmo com uma proposta que nos eleve ao topo da cadeia empregatícia.
E a gente quer, sobretudo, amar e ser amado, encontrar aquele amor à primeira, segunda e infinitas vistas, aninhando nosso coração junto a sentimentos recíprocos e inteiros. A gente quer ser valorizado por tudo o que temos e podemos oferecer, quer ser admirado e reconhecido pelos pais, pelos amigos, pelo patrão. A gente quer ser um bom exemplo para os filhos, vivendo uma vida correta, para sermos espelhos de tudo o que é bom e faz bem. A gente deseja ser feliz, acima de tudo, junto de quem nos torna melhores.
Mas a vida não espera estarmos prontos para nada, ela parece que nunca tem tempo, o nosso tempo. Tudo é imprevisível, nada é seguro, e a todo instante nos deparamos com o que não queríamos, não gostaríamos, jamais esperávamos.
Porque sempre teremos a impressão de que não ainda estamos preparados para atravessar as provas que se nos impõem inadvertidamente, dia sim e no outro de novo. Nunca estaremos seguramente prontos, principalmente para sofrer os reveses, que não serão poucos.
É bom nos precavermos, planejarmos, economizarmos, para que possamos atravessar ventanias com maior segurança e viver uma velhice ao menos tranquila, porém, caso essa tentativa de controle for excessiva, acabaremos nos decepcionando amargamente. Porque, como se disse, nada nesta vida é uma certeza e apenas a segurança do amor verdadeiro é que nos sustentará durante as noites frias que virão. O amor verdadeiro, sim, é a certeza da vida. Nem mais.