Lembra-se daquela famosa e inesquecível frase "E foram felizes para
sempre...", que sempre finalizava as histórias de contos de fadas num tom
infalível?! Ela nos dá a nítida impressão de que todos nós temos um príncipe
encantado ou uma fórmula mágica à nossa espera e que, ao encontrá-lo ou
descobri-la, inevitavelmente seremos felizes para sempre; como se o simples
fato de decidirmos ficar ao lado de alguém fosse suficiente para nos garantir a
felicidade eterna...
Certamente muitas pessoas diriam: "Que pena que isso não
basta!", mas a verdade é que felizmente essas histórias de amor perfeito,
par perfeito, pessoas perfeitas e vidas perfeitas não passam de contos de
fadas! Embora tenham uma importância didática e significativa na infância,
todos nós crescemos e, definitivamente, não somos personagens encantados de
histórias infantis!
Somos reais... humanos... somos uma infinidade de sentimentos
bons e ruins, dúvidas, assombros, surpresas, qualidades e, acima de tudo, seres
imperfeitos. Que maravilha! Isso quer dizer que, a cada dia, podemos aprender
coisas novas, descobrir novos caminhos, voltar atrás em nossos erros ou, pelo
menos, tentar não repeti-los mais! Podemos crescer, mudar, transformar,
experimentar novas sensações, novas situações... enfim, isso quer dizer que
nosso caminho nunca termina; que nossa vida não se resume num final feliz ao
encontrarmos a "companhia encantada" ou solucionarmos um problema.
Temos que viver intensamente cada dia de nossa preciosa vida. Temos que
aprender a amar, dividir, perdoar, envelhecer, errar e consertar, esquecer,
relembrar, comemorar, aceitar, enfim, sermos nós mesmos dentro deste
surpreendente acontecimento que é a oportunidade de viver.
O mais difícil, muitas vezes, é admitir nossos próprios
enganos, mas na medida em que conseguimos compreender que é através desta
imperfeição que podemos nos tornar mais humanos, mais cativantes e mais
maduros, é que conseguiremos caminhar naturalmente em direção à grandeza da
humanidade.
Tem muita gente que prefere deixar de viver a ter de admitir
e assumir as conseqüências de suas falhas. Talvez pareça mais fácil abandonar a
própria vida do que lutar para se transformar em alguém melhor. Apesar de,
geralmente, acreditarem que pôr fim à própria vida seja uma atitude corajosa e
nobre, aqueles que tomam esta radical decisão estão apenas se atolando em seus
próprios desenganos e perdendo a chance divina de aprender a serem felizes.
O amor se aprende; a alegria se constrói; ser feliz é uma
escolha que cabe somente a cada um de nós. Ninguém pode ser qualquer coisa pelo
outro, porque somos únicos, somos especiais, somos exclusivos.