Cada indivíduo haverá
de encontrar, dentro de si, o caudal hereditário que foi formando através de
suas próprias gerações. Haverá de descobri-lo, por exemplo, ao sentir uma
acentuada vocação por determinada ciência, arte ou profissão. A facilidade que
encontre ao encarar estudos e as ideias que auxiliam sua compreensão, enquanto
se encaminha para o pleno domínio do conhecimento a que aspira, serão
demonstrações claras de que nisso opera a herança de si mesmo.
Cada um é o que é, conforme o quis e - salvo nos casos em que aparecem males
irreparáveis - será aquilo que se proponha ser, mas pela única via possível: o
conhecimento.
Os bens do conhecimento não podem ser herdados pela ignorância. Daí que seja
necessário ativar o campo das próprias possibilidades, para que a herança se
manifeste onde se lhe ofereça a oportunidade de fazê-lo.
Carlos Bernardo González Pecotche
A longa citação anterior se faz necessária para tentar, não sei se conseguir, retratar um pouco deste artista plural.
Aracati, a Terra dos Bons Ventos é pródiga na arte de formar artistas, alguns muito famosos, outros nem tantos, muitos totalmente desconhecidos, nem por isso menores nas suas expressões.
Ton Zaranza, facilmente insere-se nestes que não contentes com a dimensão raiz, voa com a dimensão daqueles que possuem asas firmes e sai em busca de horizontes.
Não posso afirmar que o artista tenha lido o famoso Fernão Capelo Gaivota, mas vive como o personagem de Richard Bach.
Em sua genética traz símbolos biológicos de dois dos mais inteligentes filhos desse chão, o pai, o saudoso Ray Pereira, o idealizador, o que viveu de acordo com os sonhos e os transformou em realidade quando achou que devia. A mãe Theresa Zaranza, a educadora, aquela que possui na alma a essência do servir através da educação.
O antes menino e hoje artista herdou do pai o desejo de fazer, criar, inovar, produzir; da mãe mais do que o sobrenome herdou a ternura de compor e a harmonia da delicadeza.
E assim partiu, a terra dos Bons Ventos pareceu-lhe (e era) pequena, foi a cidade maravilhosa encontrar-se com as artes, as Belas Artes, e agora para nossa felicidade após alguns trabalhos realiza sua esperada exposição e a batiza de "frágil" ( fica do dia 06 a 28 de Julho no Centro Cultural Light - Pequena Galeria na Avenida Marechal Floriano, 168 - centro do Rio de Janeiro).
A exposição "frágil" é em memória a Euzébio Sloccowick, um representativo nome das artes visuais de Alagoas que precocemente morreu em Junho de 2016. O artista fez sua carreira no estado do Ceará, onde certamente Ton Zaranza, bebeu da fonte. Euzébio dizia: "Nasci artista, quando a arte escolhe, não tem jeito", certamente esta sabedoria adequa-se perfeitamente ao aracatiense Ton Zaranza.
O filho da terra dos Bons Ventos que voou para a cidade maravilhosa diz que essa exposição é "uma reflexão sobre a masculinidade em metáfora à imagem e natureza dos espinhos."
Sejamos acompanhantes dessa história, alguns chegam e passam como verdadeiros cometas deixando um rastro de luz, outros costumam chegar e fincar raízes, ainda que em alguns casos com asas grandes e brilhantes para permitirem vôos mais longos e mais rápidos.
Que os nossos olhares estejam voltados para Ton Zaranza, está nascendo um novo artista vindo da Terra de Dragão do Mar.