Aprenda a silenciar a palavra que sai gritada de seus
lábios, ferindo a sensibilidade alheia e lhe deixando à mercê das companhias
inferiores.
Aprenda a silenciar a palavra suave, mas cheia de ironia, que sai de sua boca
ridicularizando, humilhando a quem se dirige e que lhe intoxica, provocando a
dor de estômago, as náuseas ou a enxaqueca.
Aprenda a silenciar o murmúrio que sai entre dentes, destilando raiva e rancor
e atingindo o alvo, que fere como punhal, ao tempo que lhe fragiliza a ponto de
não se reconhecer, de se assustar consigo mesmo.
Aprenda a calar o pensamento cruel que lhe passa na mente e que, por
invigilância, nele você se detém mais do que deveria. Você se assustaria se
pudesse ver sua máscara espiritual distorcida.
Aprenda a calar o julgamento que extrapola o que vê e o que sabe, levando-o a
conjeturar sobre o outro, o que não sabe e não viu, plasmando idéias infelizes
que são aproveitadas pelos opositores daquele que é julgado.
Aprenda a calar todo e qualquer sentimento indigno, zelando pelas
nascentes do seu coração, para que não macule e não seja maculado.
Aprenda a vigiar os sentimentos para que cada dia, mais atento e vigilante,
saia da esfera mesquinha a que se aprisiona voluntariamente, e possa alçar vôos
mais altos e sublimes.
E, enquanto não consegue deixar de gritar, falar, murmurar, pensar cruelmente e
julgar, insista em orar nesses momentos. Nem que as frases lhe pareçam
desconexas e vazias de sentimento.
Insista na oração até que, um dia, orará não com palavras nem pensamentos, mas
será sentimento por inteiro, amor, amor puro e verdadeiro em ação, dinâmico,
envolvendo os outros e a si mesmo, verdadeiro discípulo que conseguirá ser.