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FLORESTA

Publicada em 31/05/17 as 14:51h por Gibran Khalil Gibran - 299 visualizações

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 (Foto: Reprodução )

Na floresta não existe nem rebanho, nem pastor. Quando o inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primavera.Os homens nasceram escravos daquele que repudia a submissão.

Se ele um dia se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharão.

Dá-me a flauta e canta!

O canto é o pasto das mentes, e o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastor.

Na floresta não existe ignorante ou sábio. Quando os ramos se agitam, a ninguém reverenciam.O saber humano é ilusório como a cerração dos campos que se esvai quando o sol se levanta no horizonte.

Dá-me a flauta e canta!

O canto é o melhor saber, e o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelas.

Na floresta só existe lembrança dos amorosos. Os que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram, seus nomes são como letras dos nomes dos criminosos.Conquistador entre nós é aquele que sabe amar.

Dá-me a flauta e canta!

E esquece a injustiça do opressor.

Pois o lírio é uma taça para o orvalho e não para o sangue.

Na floresta não há crítico nem sensor. Se as gazelas se perturbam quando avistam companheiro, a águia não diz:— 'Que estranho'.

Sábio entre nós é aquele que julga estranho apenas o que é estranho.

Ah, dá-me a flauta e canta!

O canto é a melhor loucura e o lamento da flauta sobrevive aos ponderados e aos racionais.

Na floresta não existem homens livres ou escravos. Todas as glórias são vãs como borbulhas na água.Quando a amendoeira lança suas flores sobre o espinheiro, não diz:

— 'Ele é desprezível e eu sou um grande senhor'.

Dá-me a flauta e canta!

Que o canto é glória autêntica, e o lamento da flauta sobrevive ao nobre e ao vil.

Na floresta não existe fortaleza ou fragilidade. Quando o leão ruge não dizem: — 'Ele é temível'.A vontade humana é apenas uma sombra que vagueia no espaço do pensamento, e o direito dos homens fenece como folhas de outono.

Dá-me a flauta e canta!

O canto é a força do espírito, e o lamento da flauta sobrevive ao apagamento dos sóis.

Na floresta não há morte nem apuros. A alegria não morre quando se vai a primavera.O pavor da morte é uma quimera que se insinua no coração.

Pois quem vive uma primavera é como se houvesse vivido séculos.

Dá-me a flauta e canta!

O canto é o segredo da vida eterna, e o lamento da flauta permanecerá após findar-se a existência. 

 




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