Alunos de uma faculdade gratuita estão colocando em prática aquilo que aprendem na teoria para melhorar a vida de idosos em situação de abandono, que vivem em uma casa para velhinhos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Essa verdadeira inspiração vem de 50 alunos exemplares que estão arregaçando as mangas para ajudar. Eles fazem cursos de Administração, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Computação e Engenharia de Controle e Automação da Faculdade de Tecnologia Termomecanica-FTT.
Baseados no que aprendem nos cursos eles já desenvolveram gratuitamente 7 projetos diferentes para os vovôs, entre eles, um sistema de aquecedor solar para diminuir a conta de luz da ONG em até 40 por cento e a motorização de cadeiras de rodas para melhorar a mobilidade dos idosos.
Os estudantes também implantaram um software para cadastro de doadores e isso poderá ajudar a ONG a angariar recursos pra futuros eventos.
"Colocar em prática o que a gente estuda aqui, muitas vezes é diferente da teoria. Você tem que desenvolver métodos para minimizar os problemas que podem surgir. A responsabilidade é muito grande", disse ao SóNotíciaBoa Adalberto Santos de Barros, de 31 anos, aluno de Engenharia de Controle e Automação.
Ele é um dos integrantes do grupo de alunos responsáveis pela primeiras duas duas cadeiras de rodas que serão motorizadas para a ONG, que se não fosse assim, não teria dinheiro pra comprar.
Pra se ter uma ideia, as cadeiras motorizadas custam, em média, 7 mil reais cada uma.
"O Kit que a gente está desenvolvendo é para motorizar as cadeiras de rodas que eles já têm lá. É um produto que a gente está desenvolvendo, que será usado. Não é um TCC - programa de conclusão de curso - que vai ficar no papel", conta.
"O custo [de cada motor] é de R$ 2.500, mas pode baratear mais se for produzido em larga escala. Pode até diminuir pela metade desse valor", analisa Adalberto.
Desejo de ajudar
Mas a ajuda aos velhinho não é só uma questão profissional. É quase impossível não se envolver emocionalmente.
O estudante conta que a primeira vez que foi na instituição o que mais chamou a atenção dele foi a idade das pessoas e o avanço da dificuldade de mobilidade. "Eu vi o esforço deles para usar as cadeiras".
"Você torna essa última etapa da vida deles um pouco melhor no conforto, dá uma palavra de carinho. Eles se sentem importantes", diz.
A gestora da ONG, Camila Elias de Araújo diz que o carinho é recíproco: "Receber alunos pra nós é uma honra. Os idosos gostam muito de conversar e vê-los".
Como é uma instituição sem fins lucrativos, a gestora da ONG revela que nunca pensou em comprar cadeiras motorizadas, por falta de dinheiro. "Aí chegam os alunos e dizem que a gente pode fazer", comemora Camila.
Visionário
A história de ajuda ao próximo que levou a essa reportagem não é de hoje. Começou há mais de 50 anos.
Os alunos que ajudam a ONG estudam na Faculdade de Tecnologia Termomecânica, de São Bernardo do Campo, uma faculdade gratuita mantida pela Fundação Salvador Arena, que leva o nome de um empresário visionário do setor metalúrgico que doou todo o seu patrimônio à Fundação, quando morreu em janeiro de 1998.
Sem herdeiros e filho único, Salvador Arena deixou sua empresa, a Termomecânica, para os funcionários, mas com uma exigência: que continuassem as ações sociais que ele iniciou na década de 60.
Hoje a Fundação Salvador Arena é gerenciada por 17 conselheiros que mantém o Colégio Termomecânica e a Faculdade de Tecnologia Termomecânica, que fazem parte do Centro Educacional da Fundação Salvador Arena.
A Fundação oferece apoio por meio de um programa social - Programa de Alimentação Complementar em Entidades Sociais - pra ajudar no custeio da alimentação dos idosos da ONG.
Cadeiras de rodas motorizadas
Já alinhados com o pensamento grandioso de solidariedade, os alunos abriram uma frente para conseguir dinheiro pra fazer o motor das cadeiras de rodas dos idosos.
Eles criaram uma vaquinha eletrônica no site de crowdfunding Kickante com a meta de arrecadar 18 mil reais, dinheiro para comprar as peças que compõe o motor e também fazer um boiler, uma caldeira elétrica para armazenar a água quente da Casa dos Velhinhos.
"Isso deve reduzir a conta de luz em 40%", conta Adalberto.
A campanha para arrecadar fundos vai até o dia 3 de junho e conseguiu 6 mil reais até agora.
Depois de ler tudo isso, não dá vontade de fazer parte dessa corrente do bem e ajudar?
Por Rinaldo de Oliveira da redação do SóNotíciaBoa