Só de pensar dói. Corta bem fundo na
alma, atravessa o âmago, serra a garganta e não sai.
Mães nunca deveriam partir, elas deveriam durar eternamente. Uma amiga
muito sábia disse que "nunca se é velho demais para se ficar órfão."
Ela tem razão. Todo adulto tem coração criança quando se trata de mãe e por
mais que se tente agarrar na barra da saia, chega o dia em que, fatalmente, ela
diz adeus. Às vezes ainda jovem e ninguém está preparado para aceitar esse tipo
de perda. Achamos injusto. Muito injusto mesmo. Por que mãe é mãe.
Mas Deus conhece nossos caminhos e sabe quanto tempo deve durar a missão
de cada um. E o que temos que aprender com os que partem. Talvez, quem sabe,
seja para que abramos novas janelas, novas portas, façamos novos encontros...
para que a gente aprenda a voar só e alto.
Se algumas mães não partissem ou não fossem diferentes, outras mulheres
jamais fariam a experiência da maternidade através da adoção.
Mas eu sei, com todo meu coração, que quem teve a sua mãe e esta se foi
sente um vazio profundo. Mas é um vazio de saudade, a sensação de não ter mais
do lado aquela que parecia preencher qualquer espaço e que preenche ainda nas
lembranças.
Uma mãe não vai embora pra sempre de verdade. Ela fica nas nossas
células, na nossa pele, no nosso coração e mente. Mãe é isso: aquela que, mesmo
partindo, fica. E, ficando, reconforta.
As lembranças também nos fazem viver, nos fazem rir, sentir ternura e é
isso que é importante guardar: o que de bom ficou.
Mãe é eterna sim, no fim das contas. Ela dura, enquanto a gente dura...