(Foto: João Luis Soares / Divulgação )
Marisa Monte está completando 30 anos de carreira em 2017. Prestes a fazer 50 anos de vida, em 1º de julho, a cantora carioca entrou em cena para valer em 1987 a partir de estratégicos shows feitos na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ) para público certo. Descontada a pré-histórica gravação juvenil da música Sábado à noite (Sérgio Sá) para a trilha sonora do filme Trop clip, em 1985, Marisa Monte começou de fato a ser Marisa Monte a partir dessas cultuadas apresentações cariocas, em show que representou marco inicial da bem-sucedida estratégia de marketing arquitetada pelo compositor e produtor musical Nelson Motta para inserir o nome da artista na música brasileira.
Trinta anos depois, Marisa Monte continua situada entre a modernidade e a tradição, como sinalizam a parceria com o músico e compositor capixaba Silva - cujo primeiro título gravado, Noturna (Nada de novo na noite), é canção de beleza rara que se destacou no álbum de 2016 em que Silva dá voz ao repertório autoral de Marisa - e o reencontro em cena com Paulinho da Viola em show que vai ser apresentado em três capitais do Brasil a partir de maio, em turnê que provavelmente vai ser estendida para outras cidades.
Padrão e referência para todas as cantoras surgidas a partir da década de 1990, Marisa é atualmente uma cantora bem diferente da intérprete visceral revelada no show que gerou o disco ao vivo MM, lançado em janeiro de 1989 com o impacto mercadológico e artístico previsto por cantora e produtor. Os tons vocais já estão mais baixos, suaves. Mas a classe continua irretocável, inegável.
Como Paulinho da Viola, Marisa tem nobreza, seja cantando um standard internacional, um tango, um samba à moda da velha guarda ou uma canção pop como tantas que compôs com os parceiros tribalistas Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, construindo obra autoral por vezes subestimada (há certa tendência boba a considerar a discografia de Marisa na década de 1990 superior aos álbuns mais populares lançados a partir dos anos 2000).
A artista é do tipo que sabe usar a mídia a favor dela. Sabe se comportar normalmente quando está em público, sem qualquer tipo de estrelismo, mas tampouco sem perder o ar natural de diva. Dá entrevista quando quer. Às vezes não quer. Marketing (ou antimarketing) bem-sucedido? Pode até ser. Entre a modernidade e a tradição, entre a simplicidade e a sofisticação, Marisa Monte continua relevante 30 anos após aqueles shows estratégicos na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Já não dita tendências, já não é o (único) padrão a ser seguido, mas ainda espalha uma aura de poder por onde passa e canta. Marisa Monte ainda é Marisa Monte!