O dinheiro arrecadado com a venda de latinas fez uma catadora concluir o curso de serviço social e conquistar o tão sonhado diploma.
Vitória pra ela, que comemorou carregando as latinhas no baile de formatura.
A paraibana Luciene Gonçalves, de 35 anos, desceu as escadarias e a fotos do evento fizeram sucesso nas redes sociais.
Foi a forma que ela encontrou para homenagear o marido, também sucateiro, que entrou na faculdade graças ao incentivo dela.
Ela se formou em Serviço Social pagando os quatro anos de faculdade com o dinheiro que conseguia com a venda de reciclados.
Luciene estudou numa faculdade particular de Sousa, no Sertão paraibano, onde mora com a família.
Não reclama da vida
Exemplo de vida e inspiração para as filhas que já estão concluindo o ensino médio, ela disse que seu grande segredo é não perder tempo, reclamando dos problemas da vida.
"E eu sempre digo ao meu marido que não reclame, pois quem reclama não sai da lama".
Luciene quer ser exemplo para sua família.
"Eu tinha que ser alguém na vida, não ser só sucateira, mas ter um curso superior pra dar exemplo para as minhas filhas. Tem gente que trabalha em escritório e diz que não tem tempo para estudar. Eu trabalho dentro da sujeira e pra mim não faltou garra pra terminar meu estudos. Tem gente que reclama de barriga cheia", disse Luciene.
Sonho interrompido
Ela largou os estudos e foi mãe aos 20 anos.
Lucien não pode voltar mais porque teve que trabalhar e ajudar a família.
A profissão do casal sucateiro foi herdada do avô de Pedro Filemon, 35 anos, marido de Luciene.
Volta aos estudos
Dez anos depois de concluir o ensino médio, Luciene voltou aos estudos e escolheu serviço social.
"Serviço Social foi feito pra mim. Eu gosto muito de ajudar as pessoas. E depois que entrei no curso e fiz estágios, tive a certeza de que aquilo foi feito pra mim", diz.
O marido escolheu o curso de administração e foi aprovado na mesma seleção que a esposa.
Mensalidade
Durante os quatro anos de curso, conseguir o dinheiro das mensalidades exigiu esforço e sacrifício.
Cada centavo era contado.
Além do trabalho, ela enfrentou a doença do pai que teve que fazer hemodiálise 3 vezes por semana e era Luciene quem o acompanhava.
"As vezes chegava na sala de aula chorando, mas também encontrei amigas que foram como irmãs, que me apoiaram. Essa foi a época mais difícil, pois ocorreu quando eu já estava fazendo meu trabalho de conclusão de curso", disse Luciene.
Festa
Na festa de formatura só deu Luciene.
"Meu marido abriu mão de fazer a formatura dele para que fosse feita a minha. Este também foi mais um motivo para homenagear a ele. Eu não fiz isso para aparecer. Eu quis homenagear e confesso que estou um pouco surpresa com a repercussão que está tendo", conta ela.
Veja como foi a entrada dela:
Com informações do G1