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Ela viveu em uma caverna no Brasil, e hoje é escritora de sucesso na Suécia

Christina Rickardsson também criou uma fundação para dar assistência a crianças carentes do Brasil.

Publicada em 16/03/17 as 09:26h por Razões para acreditar - 474 visualizações

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 (Foto: Reprodução )

Christina Rickardsson tinha apenas 15 dias de vida quando ela e sua mãe, Petronilia, foram morar em uma caverna no Parque Estadual do Biribiri, reserva natural próxima à cidade de Diamantina, em Minas Gerais.

Ali seria sua casa até os cinco anos de idade. Na época, seu nome era Christina Mara Coelho.

Mãe e filha se alimentavam com o que encontravam na floresta, mas, quando não havia nada que pudessem comer, elas iam até uma estação de ônibus pedir esmolas e comida. "Às vezes tínhamos sorte, e as pessoas eram gentis. Outros nos chamavam de ratos de rua, e cuspiam em nós", disse Christina à BBC.

À noite, Christina convivia com o medo de ser atacada por escorpiões, aranhas e cobras que rondavam o lugar. "Lembro de acordar Várias vezes no meio da noite", disse. Mas, a jovem escritora não guarda apenas lembranças tristes daquele tempo. Ela lembra com saudade das histórias que a mãe contava.

"Na caverna, minha mãe me contava histórias sobre Deus, anjos e muitas outras coisas. Existiam muitas cavernas na região, mas não havia outras pessoas vivendo ali, como nós vivíamos. Era apenas eu e ela, e eu sentia que tinha toda o amor e atenção de minha mãe. Eu me sentia amada, e isso foi extremamente importante para a minha vida", diz.

da caverna para Suécia
Aos 8 anos, Christina foi adotada por um casal da Suécia / Foto: Divulgação

As duas viveram na caverna até o dia em que foram expulsas por um grupo de homens e seus cães. Sozinhas no mundo, Petronilia e Christina foram morar em uma favela de São Paulo. Christina vivia nas ruas enquanto a mãe buscava trabalho. Um ano depois, ela ganhou um irmão, Patriqui.

Da caverna para a Suécia

Pouco tempo depois, Petronilia levou os filhos para um orfanato. Os dois foram adotados por um casal da Suécia. Foi quando ela passou a se chamar Christina Rickardsson e ele Patrick Rickardsson. Christina não fazia ideia do que estava acontecendo.

"Eles me disseram no orfanato que eu seria adotada, mas ninguém me explicou o que aquilo realmente significava", conta Christina. "Quando saímos do orfanato de mãos dadas com meus pais adotivos, vi que aquilo era real - aquelas pessoas estavam me levando embora."

Em 2015, após 24 anos na Suécia, Christina decidiu voltar ao Brasil para procurar a família biológica, a caverna e o orfanato na infância. Ela conta que está em contato com os familiares e que vai tentando reaprender o português aos poucos.da caverna para Suécia

Christina com o irmão Patrick / Foto: Divulgação
  • A história de Christina, desde os tempos em que vivia na caverna até se mudar para a Suécia, virou um livro, intitulado Sluta Aldrig Gå (Nunca Pare de Caminhar). O título é uma homenagem a um conselho da mãe: "Christina, me prometa uma coisa. Aconteça o que acontecer na sua vida, nunca pare de caminhar".

Na Suécia, a tiragem inicial do livro esgotou em apenas uma semana. O livro já é o segundo na lista dos mais vendidos. A última página do livro é dedicada a uma fundação que ela criou para dar assistência a crianças carentes do Brasil: a Coelho Growth Foundation. Atualmente, a fundação desenvolve projetos de assistência a crianças em uma creche e dois orfanatos de São Paulo.

da caverna para Suécia
"Sluta Aldrig Gå" ("Nunca Pare de Caminhar") é o título do livro de Christina, dedicado a um conselho da mãe biológica dela / Foto: Divulgação

"Indico ali também o site onde as pessoas interessadas podem fazer doações, para que outras crianças brasileiras também possam ter um futuro", diz Christina.

Para o lançamento do livro no Brasil, Christina planeja distribuir gratuitamente cerca de 1 mil exemplares para crianças carentes em favela, e doar cópias para bibliotecas locais.

"Uma das razões que me levaram a essa ideia foi a notícia de que o novo governo do Brasil vai congelar os gastos com educação, assim como no setor de saúde. É muito triste ver o que está acontecendo hoje no Brasil", finaliza Christina.




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