A cidade de Aracati orgulha-se de muitas coisas, temos riquezas infinitas de ontem, de hoje e de sempre.
Em cada paralelepípedo da velha cidade como diz a conhecida canção de Chico Buarque existem razões de sobra para arrepios, que seja nas histórias de assombrações do mais querido dos nossos contadores de histórias, o Antero Pereira, ou se deixando tocar pela emoção de estar perto de Netinho Ponciano.
Netinho Ponciano é um ser de luz que tem a suavidade da alma boa, para os que o conhecem é redundante dizer que faz com a maior das maestrias através das cordas dos seus violões os nossos corações pulsarem mais forte. Literalmente é um artista plural, no seu mais recente trabalho, um CD com FREVOS, ele gravou todos os instrumentos, ele é um músico que os grandes centros urbanos certamente adorariam ter em suas melhores casas de espetáculos, porém, como apenas os grandes e simples fazem, ele optou pela tranquilidade das ruas aracatienses e as agradáveis conversas matutinas quando é possível na encantadora Rua Grande.
Porém, o que este texto vem querer mostrar deste nosso artista magnifico é o seu zelo, o seu cuidado, a sua atenção com o ARACATI ANTIGO.
Os mais próximos conhecem este trabalho, entretanto, ainda existem muitos que não sabem o quanto este ser humano encantador tem se dedicado para preservar esta nossa tão linda e magnífica história.
São poucos os que sabem das despesas financeiras e das horas que o mesmo tem dedicado para que possa tocar este Projeto.
Como bem disse a espetacular Secretária de Educação do Aracati Sofia Lerche em uma publicação recente do Jornal O POVO ao citar Marquês de Pombal "É hora de contar os mortos, salvar os vivos e fechar os portos." Este texto não visa culpar ninguém, muito pelo contrário, ele tem um único objetivo que é dizer para todos que o trabalho de NETINHO PONCIANO precisa e deve ser visto com mais atenção e zelo por todos que amam esta Terra dos Bons Ventos.
Uma história preservada é a certeza de um povo com alicerces firmes e com estima elevada, ao longo de muitos anos o que mais escutamos em nossas muitas esquinas é que ARACATI é a Terra do Já Teve, sim, verdade, muito do que outrora tivemos não temos mais, porém, temos hoje muita coisa que antes não imaginávamos ter. Assim se forma a história de um povo. A arte educadora Silvanise Ponciano cunhou a famosa frase: Aracati, o que te fazem, o que te fizeram, o que te farão?
O povo de Aracati não precisou chamar o escriba Antônio Biá, assim como em NARRADORES DE JAVÉ para escrever a história de sua gente, este cidadão do bem, imbuído do melhor espírito altruísta foi remontando pedacinho por pedacinho a partir de um acervo espetacular de ABÍLIO MONTEIRO e de outras tantas fotografias que foram chegando até ele para deixar a tantas gerações imagens que certamente se não preservadas se perderiam no tempo. É comum vê-lo trabalhando em áudios e vídeos aparentemente irrecuperáveis que ele com todo zelo consegue dar nova vida, muitas vezes, tendo que queimar equipamentos e passar noites em claro.
Agora, parafraseando a famosa frase é chegado o momento não de perguntar o que NETINHO PONCIANO pode fazer por ARACATI, mas o que ARACATI pode fazer por NETINHO PONCIANO.
Um artista que mais do que criar traz em si a delicadeza de uma alma boa que entende o valor da preservação da história do seu povo.
NETINHO PONCIANO, a minha bênção e a de tantos outros aracatienses que assim como eu somos gratos pelo seu trabalho.