personagem loiro emblemático da obra do francês Antoine de Saint-Exupéry ganhoutraços brasileiros e foi parar nas dunas de Florianopólis, sob a lente dafotógrafa paulistaMari Merlim, de apenas 23 anos. O ensaio do clássico infantil, com uma perspectiva mais regional, foi pensado pela jovem como uma homenagem ao autor e ao livro, que é inspiração para o trabalho dela.
O pequeno Arthur Nunes, 5 anos, escolhido para as fotos, ficou conhecido no Brasil inteiro. O sucesso, como a própria Mari disse, tem a ver com a mensagemque leva em cada imagem. "Sobre a arte, a gente brinca que a partir do momento que você concebe uma obra e a exibe, ela é do mundo, e não só mais sua. E foi exatamente assim que o ensaio ganhou outras vozes e representações, das quais não sou dona, mas sou adepta e apoiadora", disse em entrevista por e-mail ao O POVO Online.
A jovem é formada em Cinema pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCarlos) e, atualmente, vive entre o sul e São Paulo. "Toda vez que passava pelas dunas pensava no Pequeno Príncipe. Este ensaio foi o primeiro passo de um projeto fotográfico mais extenso, a respeito da infância e das diversas formas de expressá-la e vivê-la", citou.
Segundo a fotógrafa, a escolha ocorreu após a mãe de Arthur mostrar fotos dele "sorridente e encantador". Na época, ela produzia uma campanha para uma marca de roupas infantis. Arthur não coube nas roupas do catálogo, mas acabou convidado para a releitura do príncipe.
O figurino foi produzido por uma amiga da família de Arthur, e as fotos foram feitas nas dunas da Lagoa da Conceição. O ensaio deve ser exposto no dia 21 de setembro, em Florianópolis, mas poderá passar pelo restante do País. "Pretendemos rodar o Brasil com a exposição", adiantou.
Significado
"Já li 'O Pequeno Príncipe' algumas vezes. Levo como uma metáfora sobre o verdadeiro valor das coisas e a beleza na simplicidade. Para mim, essa é uma mensagem essencial, que busco colocar em cada uma de minhas fotografias", pontuou Mari.
Ela contou que já imaginava uma criança que interagisse com a obra e que tivesse um perfil curioso e encantado, exatamente como o príncipe da obra. Além disso, ela destacou a representatividade do garoto: "queria que ele fosse cativante e acho que o momento em que vivemos hoje, falando mais abertamente a respeito da representatividade negra na história, o empoderamento do negro e sua força, fez com que, naturalmente, o nosso principezinho ganhe um significado muito especial".
Katia Nunes, mãe de Arthur, também guarda uma relação especial com o livro. Era a leitura em voz alta que fazia para o pequeno quando estava grávida. "O Arthur ouviu 'O Pequeno Príncipe' ainda no meu ventre. O ver correndo nas dunas, rindo de se acabar, com o cachecol ao vento me deixava cada dia mais apaixonada".