A história da Rádio do Bem já é conhecida por todos, sabem quando começou e porque tudo começou naquele já distante 10 de Agosto de 2013, o que muitos não conseguem mensurar é a quantidade de emoção que cabe neste território sagrado dos sentimentos.
Quando chega o final do ano momento em que sento a frente de uma tela fria de um PC para escrever as nossas homenagens aqueles que segundo o nosso critério de consciência tiveram êxito e destaque no ano que termina é sempre uma emoção, os que são homenageados pela Rádio do Bem mesmo sem receberem nenhum prêmio físico ou de algum valor material são sabedores que para ser homenageado por nossa Rádio tem de ter sido exemplo em algo ou alguma coisa que fez durante o ano.
Nosso homenageado de agora é um cara que simplesmente não cabe em palavras, todavia precisamos encontrá-las estejam onde estiverem para serem juntas uma a outra e formarem um texto para publicação.
NOME: DENILSON DAMASCENO BEZERRA.
Os que me conhecem sabem que sou um eterno apaixonado pelo PEDREGAL, um bairro de nossa cidade, também conhecido como CIDADE ALTA. Ali já estive muitas vezes trabalhando, seja como Diretor da Escola ANTONIO MONTEIRO (algumas vezes) e Encarregado Administrativo do SESC LER.
No período do SESC LER conheci uma família, a FAMÍLIA SARDINHA, lindos, incríveis, adorados, o pai era cambista (fazia jogo de bicho), José Maria, seu nome, embora para todos apenas Bye-Bye, ou BAIBAI, nunca soube ao certo. a mãe D. Lucimar, doméstica linda que acolhia como poucos fazem.
Os filhos eram tantos que não os enumerarei, o primeiro que a mim chegou e guardei no coração foi, creio eu, o mais velho, Paulinho. Ele sorria de uma forma tão linda que no futebol onde jogava como lateral direito era chamado de Paulinho Sorriso.
Estiveram comigo ainda Paula e Simone, cada uma ao seu tempo fazendo grandes coisas e trazendo grandes alegrias para a minha vida e da minha família. Paula durante um tempo foi parte da nossa família nos ajudando e Simone durante muito tempo cuidou, zelou e promover o Bazar do Bem.
Depois veio Denilson, esse que hoje é um dos nossos homenageados, o cara era um artista nato, com lápis grafitte fazia verdadeiras obras de arte, logo pedi que fizesse quadros com escritores nacional para a Biblioteca do SESC LER, em seguida pedi que ilustrasse a capa de um livrinho de uma criança a época chamada Ronnet que estávamos publicando, depois pedi para fazer mil coisas e ele sempre entregava para além.
Era músico da banda Cidade Alta do Pedregal, tocava bateria, depois passou também a tocar cavaquinho.
Denilson era aquele cara que você queria estar por perto e sempre estávamos.
Criamos no SESC LER um projeto chamado SEGUNDA CHANCE para alunos que tinham terminado o ENSINO MÉDIO e precisavam fazer CURSINHOS para conseguir avançar nos estudos, todavia não tinham condições necessárias, ali eram muitos. Denilson um deles, viajamos juntos a ICAPUI para participar do ACAMPAMENTO LATINO AMERICANO DAS JUVENTUDES, fazíamos tudo para que aqueles se sentissem acolhidos e dignos de avanços.
A vida passa, os caminhos mudam, as distâncias separam as pessoas, de tal forma que fazia muito tempo não via Denilson, um certo dia eu chegando a Agência do BANCO DO BRASIL em ARACATI o encontrei, ele veio em minha direção e disse: “Professor, consegui minha OAB”.
Ali, não esbocei nenhuma reação, não sabia que ele tinha cursado DIREITO e tive medo de pagar um mico, em lhe perguntar o que havia dito.
Aquilo não saiu da minha cabeça, em sendo verdade, seria uma das minhas maiores alegrias.
Logo que pude entrei em contato com um amigo comum que me confirmou a notícia.
Deixei o que fazia e fiz uma linda oração de agradecimento por tão grande conquista.
Hoje ele é um dos nossos homenageados.
A partir de agora o texto é dele, a narrativa de como ele conseguiu tamanha façanha, o quanto é possível transformar sonhos em realidades.
“Meu nome é Denilson Damasceno Bezerra, no ano de 2018 iniciei minha trajetória no curso de Direito, após 5 anos de muitas lutas e desafios consegui me formar como bacharel e depois, continuamos nossos estudos para conquistar a tão almejada carteira vermelha e me tornar advogado.
Inicialmente conquistar a vaga na faculdade foi uma verdadeira batalha de gigante, estava desempregado, minha esposa passou por uma séria cirurgia, ela teve uma gravidez de muito risco e acabou perdendo nosso bebe, foi um momento muito difícil, para sobreviver fazia bicos e vendia água em galões, mas, com muita esperança conseguimos vencer.
Fiz a Prova do Enem, (passei um ano estudando exclusivamente para essa prova), quando finalmente saiu o resultado, conseguimos ser aprovados, a esperança era tamanha que eu já estava com a documentação pronta (risos), fizemos a inscrição e no dia da entrega, conseguir entregar a documentação segundos antes do apagão nacional.
No primeiro ano da faculdade foi muito difícil também, pois o curso é caro também para estudar, os livros e apostilas eram fora da minha realidade, a solução que encontrei foi, os colegas todos de classes mais altas, compravam os livros, mas eles tinham preguiça de ler, então me oferecia para ler e resumir para eles, foi assim que pude ter acesso aos conteúdos.
Para chegar a faculdade eu ia de carona, pois não tinha dinheiro para pagar transporte, havia um primo da minha esposa que quando ia para o trabalho passava ao lado da faculdade, eu chegava 06 da manhã, a aula era 8 e meia, nesse meio tempo lia e estudava tudo que dava, fiz uma amizade muito boa com o zelador da faculdade seu Assis, pessoa muito sábia (não tinha o estudo acadêmico, contudo tinha o conhecimento dos cabelos brancos e do coração bondoso), aprendi a importância do direito com ele.
Para voltar da faculdade, pegava outras caronas, voltava à pé, às vezes eu ia de bicicleta, a cargueira que eu usava para entregar as águas, e essa rotina se repetiu até a pandemia, quando tivemos que ficar assistindo aulas online, como não, possuía computador, consegui um celular velhinho e deu certo, consegui passar por esse desafio.
Finalmente nos últimos dois períodos tive que mudar de horário, acabei passando em dois concursos para estágio um no Ministério Público na cidade de Icapuí, e outro no tribunal de Justiça na cidade de Beberibe, consegui ser aprovado no TCC que consumiu grande parte de minhas energias, e finalmente recebemos o diploma.
Superada a faculdade vinha o desafio de passar na prova da OAB, eu via meu colegas pagarem cursos extremamente caros, fiquei receoso mas já havia decidido que iria passar, fiz uns bicos (pois continuava desempregado e não estava mais como estagiário), comprei um livro com a ajuda de minha esposa que sempre esteve ao meu lado nessa batalha, fiz aproximadamente 10 mil questões ou mais (foram 2 livros).
Passamos na primeira fase, foram 3 meses de muitas madrugadas resolvendo questões, partimos para a segunda fase, mais uma vez sem qualquer recurso para um curso, passei a estudar por aulas grátis que os cursos davam pelo youtube, consegui elaborar meu próprio esqueleto para a peça, fiz todas as provas de segunda fase desde o ano de 2010, fazia as provas na madrugada.
Consegui um emprego temporário um mês antes da prova, mesmo assim continuava estudando na madrugada e quando chegava do trabalho, eu dizia que iria passar, mas as pessoas não acreditavam, somente minha esposa e meus pais, fui para a prova tranquilo, quando recebi a prova quase que eu pulo de alegria, eu sabia, Deus tinha me abençoado, foram às 5 horas mais longas da minha vida, cada palavra parecia que alguém me guiava segurando minha mão.
Por fim, após um longo mês de espera, saiu o resultado e lá estava meu nome, aprovado de primeira em todas as fases. Chorei copiosamente abraçado com minha esposa, fui até a casa de meus pais e comemoramos muito.
Resumindo, foi difícil, a jornada foi longa, turbulenta, pessoas não acreditavam que o filho do pintor seria ADVOGADO, que o neguinho seria ADVOGADO, mas cá estamos, viramos a página e iniciamos a nossa nova jornada, ainda existem grandes desafios para superar, muitas lágrimas para , porém, seguimos.
Um professor um vez me disse: “Vá estudar, você pode mais” não fui aluno dele de sala de aula, fui aluno do coração, obrigado professor Garcia, o senhor é uma das poucas pessoas que sempre acreditaram em mim.”
Parabéns ao Denilson Damasceno, ou melhor, Dr. Denilson Damasceno.
Todos os anos publicamos nossas homenagens, em cada uma delas uma enorme emoção em ver o quanto é possível vencer quando se tem determinação e crença que sonhos existem para serem reais.
Que 2024 seja um ano fantástico e que os frutos dos seus grandes esforços sejam colhidos em terrenos de paz, justiça e partilha.
Abaixo deixo os contatos do nosso Dr. Denilson, vai que alguém venha a precisar dos seus trabalhos, fica a utilidade pública.
Fone ZAP: 88 9 96876381
@denil.damasceno.adv