Se Julia dos Santos pudesse definir seu filho, o pequeno Pedro, em apenas uma palavra, seria “extraordinário“.Algumas semanas atrás, o menino de 4 anos viralizou nas redes sociais após a mãe compartilhar uma foto dele com um andador especial subindo um morro sozinho.
“Na moral? Meu filho é extraordinário. O moleque não abaixa a cabeça pra dificuldade nunca. Ele quis subir o morro sozinho, disse que não queria vir no colo e todas as vezes que eu tentei ajudar ele disse não me ajuda!'”, escreveu Julia na legenda do post. Que orgulho!
Pedro Gabriel tem paralisia cerebral e foi diagnosticado no ano passado com o transtorno do espectro autista (TEA).
Em entrevista exclusiva ao Razões, a dona de casa de 23 anos que vive na Ilha do Governador, Rio de Janeiro (RJ), contou um pouco sobre sua rotina e sobre o processo de desenvolvimento e senso de independência do filho.
“O Pedro nasceu prematuro de 30 semanas (7 meses). Precisou ficar internado 76 dias após o nascimento, sendo 47 intubado. Também precisou passar por 3 cirurgias no intestino e uma no crânio. Sofreu uma paralisia cerebral que é o que causa essa dificuldade motora. Ano passado também fechamos o diagnóstico de autismo”, contou Julia.
Nos últimos meses, Pedro começou a nutrir, sozinho, um senso de independência dentro de casa e nos lugares em que sai com a mãe.
“Desde então, ele mesmo se desafia querendo subir o morro aqui de casa, querendo subir as escadas de casa, andando sem apoio em superfícies ‘instáveis’ como a cama ou areia da praia. Ele não gosta nada quando oferecemos ajuda ou quando ajudamos sem perguntar antes. Fica bravo mesmo!”, afirmou Julia.
Tanto que no post que viralizou, o pequeno faz questão de subir o morro sozinho, demonstrando garra e coragem pra lidar com a dificuldade do momento por conta própria.
Para Julia, a falta de inclusão e acessibilidade são seus maiores inimigos do dia a dia. “Como mãe, sinto essa dificuldade todos os dias, assim como o pai do Pedro. É muito difícil vê-lo querer andar em todos os lugares e não ter como. Na maioria das vezes as ruas são muito esburacadas, as calçadas são intransitáveis e a gente precisa andar pela rua”, lamentou.
Outra situação quase diária são os olhares tortos e comentários desnecessários de algumas pessoas. “Olham o meu filho com pena. Mas se tem uma palavra que não combina com o Pedro é ‘coitado‘”, frisou a mãe.
Hoje, se Julia pudesse escolher um lugar para haver uma mudança radical com relação à acessibilidade, seria os acessos aos hospitais. “Além disso, nenhum dos atendimentos do Pedro é aqui onde nós moramos, todos são a 1 ou 2 horas da nossa casa, na maioria das vezes a gente tem que estar nos hospitais às 7h e não tem como ir de ônibus, daí nós usamos Uber”.
Os desafios de ser uma mãe de uma criança com necessidades especiais são muitos, mas Pedro faz tudo valer a pena. Impossível não ficar orgulhosa!
Julia, seu filho é um super-herói! Lindeza de pessoa que a Terra precisa para ser um lugar melhor. Obrigada! ❤️