Todos os dias, o rapper Patrício dos Santos, de 26 anos, percorre toda a cidade de Fortaleza dentro dos ônibus. Nas viagens, ele leva a poesia da forma mais singela e bonita. A ideia é transformar o dia das pessoas através da arte e também poder ajudar no sustento da família dele.
“Quando ligo a caixinha de som, começo a rimar, brinco com um, elogio o outro, as pessoas acabam sorrindo. Às vezes uma pessoa está sentada, com a cara fechada, e abre o riso assim sem nem querer”, conta Patrício.
Os ônibus se tornaram o ambiente de trabalho de Patrício dos Santos em 2017, mas foi na pandemia que, segundo ele, encontrou o formato com que mais se identifica. As rimas levam elogios e reflexões sobre desafios urbanos como desigualdades sociais.
“Fui com um colega dentro do coletivo, ele trabalhava com Freestyle (da música rap), comecei a trabalhar com ele e foi tipo um amor”, reflete. Desde então, a rotina de rimas acontece no período de 7h às 17h com abordagem feita em cerca de 15 ônibus.
Viver de arte
O sonho maior do rapper é viver da arte, mas ele conta que também trabalha como padeiro para manter a casa onde vive com a esposa.
“É uma coisa que eu não quero abandonar, porque o trabalho no coletivo é algo maravilhoso, se torna uma terapia, vou sempre que possível, no tempo livre e nas folgas. Estar no coletivo mostrando minha arte e recebendo o carinho do pessoal”, comenta sobre o trabalho nos ônibus.
Inspiração
Sobre a inspiração, Patrício conta que há grandes rappers que ele é fã e que o ajudam a compor as letras das poesias.
São fontes os rappers Sabotage e Marcelo D2, além dos grupos Racionais MC’s, O Rappa e Charlie Brown Jr.
“Ouvindo as músicas do Chorão eu vi conselhos que nem meu pai mesmo me dava, sabe? Então isso foi uma das maiores referências”, conta.
Incentivo na arte
Patrício costuma ouvir palavras de incentivo e de agradecimento por quebrar a tensão da rotina nos coletivos.
“Um dia quando eu cheguei em casa de noite, que eu fui olhar meu Instagram, tinha a mensagem de uma menina agradecendo pelo trabalho, porque antes de eu entrar no coletivo ela estava começando a ter uma crise de ansiedade”, lembra.
Por meio da arte surgem histórias criadas com pessoas desconhecidas, mas ligadas pelas carências humanas. “É muito massa você chegar e levar alegria e o povo retribuir com palavras de incentivo ou com palavras de boa fé, sabe? Dizendo para não desistir e isso é gratificante”, concluiu.
Com informações de Diário do Nordeste