Após realizar o próprio sonho de viver em uma casa reformada, a engenheira civil Fernanda Silmara agora se dedica a reformar residências de famílias carentes de Natal (RN).
Por meio da ONG “Reforamar”, a jovem garante moradia digna para pessoas que vivem em casas precárias na periferia da capital potiguar.
Em entrevista ao portal Ecoa, Fernanda explicou que sua missão surgiu porque ela mesma sentia que a casa onde cresceu no bairro do Alecrim, em Natal, não era um “lar”.
Antes de entrar na faculdade, Fernanda foi admitida como bolsista do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, e com a pouca renda que tirava, começou a fazer melhorias em sua casa ajudada pelo tio.
Ver sua residência ganhar, de fato, uma cara de “lar” inspirou a jovem a cursar engenharia civil. No meio do curso, nascia a ONG Reforamar, criada para que mais pessoas pudessem sentir a revolução que a obra causou em sua vida.
O primeiro projeto de Fernanda surgiu em 2018, com o apoio de quatro amigos. Agora, a entidade tem sede própria e já liderou 20 ações sociais para mais de 4 mil pessoas que não tinham condições de reformar suas casas.
No site da Reforamar, por meio de um formulário simples, qualquer pessoa pode se inscrever ou indicar casas que precisem de reparos.
A equipe de engenharia da ONG faz uma triagem inicial e em seguida analisa o imóvel presencialmente. Por fim, iniciam uma campanha de financiamento coletivo na internet para financiar as obras.
Além da vaquinha, onde internautas e empresas podem colaborar, a Reforamar recebe doações de materiais de construção, itens de decoração e eletrodomésticos.
Já a reforma é feita com o apoio de centenas de voluntários, que literalmente colocam a mão na massa.
“Nós ensinamos os voluntários a fazerem demolição, reboco, pintura e outros serviços gerais. Mas algumas etapas mais específicas, como colocar cerâmica ou instalação de telhado, por exemplo, são coisas mais complexas. Então contratamos mão de obra especializada do pessoal do bairro, porque isso acaba impactando positivamente o entorno da obra”, disse Fernanda.
O porte da ação social varia muito: as vezes, são feitos pequenos reparos; em outras ocasiões, a ONG já precisou refazer toda a estrutura do imóvel contemplado.
Ela explica que trabalham com ações de diferentes portes, desde pequenos reparos até grandes reconstruções em que toda a estrutura do imóvel precisa ser refeita.
Raimunda Pires, de 66 anos, moradora do bairro Dix-Sept Rosado, em Natal, foi uma das contempladas pelo Reforamar.
A idosa já passou por dois tratamentos contra o câncer e convive com diversas sequelas da doença, além de hipertensão, doença renal e diabetes.
Até então, a casa de Dona Raimunda não passava por reparos há anos. “A casa estava muito feia, cheia de rachaduras, infiltrações, o telhado tinha muitas goteiras, o madeiramento estava podre, infestado de cupins. Tinha buracos nas paredes, principalmente na fachada e a fiação era velha. Tudo nela me incomodava. Tinha um cheiro desagradável. Sentia muito medo de que caísse quando estivesse chovendo ou ventando forte”, explicou Francisca das Chagas Pires, filha da aposentada.
Foi graças à Francisca que a casa chegou ao conhecimento de Fernanda.
“A Fernanda nos fez uma visita para analisar a casa e disse que entraria em contato caso fosse selecionada. Depois de um tempo, ela ligou para marcar outra visita e perguntou se podia tirar fotos e nos fazer mais algumas perguntas. No dia, ela nos surpreendeu contando que na verdade nós já tínhamos sido selecionadas”, completou.
Após alguns meses de reforma, a residência ficou impecável e passou a ser carinhosamente chamada pela equipe da Reforamar de a “casa da superação”.
“Eu amei cada detalhe! Agora temos uma casa digna, segura e bonita. Podemos dormir tranquilas e não temos mais vergonha de receber visitas. Me sinto mais segura, confortável e feliz. Sou grata a Deus por ter colocado estes anjos em nossas vidas”, afirmou Francisca sobre a obra, que foi entregue em setembro do ano passado.
Além da reforma, a família ganhou móveis e eletrodomésticos novos.
Fonte: Ecoa
Fotos: Reforamar / Divulgação