Nosso querido Papa Francisco Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium se utiliza de uma linguagem brilhante para convocar a Igreja a uma sincera conversão pastoral; buscando superar o comodismo e o fechamento para ser uma Igreja “em saída”.
O Papa é claro e objetivo: “Sair em direção dos afastados, dos excluídos (...) sair em direção às periferias humanas” (EG46). Uma Igreja fechada em seus muros e dogmas, na visão do papa, não corresponde às exigências do Evangelho. É preferível, para Francisco, “uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG49).
Não há aplausos nem glórias para aqueles que andam nas estradas acidentadas e enlameadas que compõem o cenário de milhares de desamparados. Todavia, por estas estradas percorreu Jesus Cristo.
A Igreja em “saída”, desejada pelo Papa Francisco, significa uma Igreja que, desprovida de poder, ostentação e discriminação, acolha os seus fiéis e vá ao encontro daqueles que fazem a amarga experiência da exclusão e do abandono. O Papa também nos relembra que a Igreja somos nós; assim, “somos chamados a esta nova saída missionária” (EG20).
Papa Francisco ainda diz em uma de suas falas pastorais que ““o Senhor que nos indica a margem para onde ir e, ainda antes disso, dá-nos a coragem de subir para o barco” no qual nos acompanha para “mostrar a direção, impedir de encalhar nas rochas da indecisão e tornar-nos capazes até de caminhar sobre as águas tumultuosas”, fala ainda que ““o chamado do Senhor não é evidente, como tantas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária”. Por isso, é preciso se “preparar a uma escuta profunda da sua Palavra, prestar atenção aos seus detalhes diários e aprender a ler os sinais dos tempos com os olhos da fé”.
Foi nessa coragem de enfrentar as águas tumultuosas desse tempo pandêmico sempre com os olhos da fé que os padres da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário em Aracati, Litoral Leste do estado do Ceará, Vale do Jaguaribe, da Diocese de Limoeiro do Norte criaram uma ação Intitulada Campanha de Solidariedade, esse movimento teve início logo quando foi preciso realizar o isolamento social. Não se sabe com precisão quantas famílias já foram assistidas, mas já se somam várias famílias pertencentes ao Acampamento Terra Prometida em Pedregal (famílias que lutam pelo direito à moradia e a terra para produzir e tirar seu sustento), trabalhadores e trabalhadoras que ficaram impossibilitados de trabalhar com o isolamento, desempregados, famílias de encarcerados, catadores de materiais recicláveis do lixão e da cidade e tantas outras famílias que tiveram sua situação de agravada pela pandemia.
Padre Ronaldo, o pároco, com Padre Israel e Padre Djavan, vigários paroquiais contam com muitos parceiros: Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, projetos com instituições, Os três colégios religiosos da paróquia de Aracati (das congregações Marista, Vicentina e Salesiana) e principalmente com a solidariedade das pessoas simples que com muita generosidade tiram do pouco que tem para doar, naquela profecia da conhecida canção do Poeta da Esperança Zé Vicente que diz “Quem disse que não somos nada e que não temos nada para oferecer, repare as nossas mãos abertas trazendo as ofertas do nosso viver.” Cabe nesse momento um registro de uma criança da periferia de Aracati que, quando viu o carro da paróquia passando para recolher os alimentos pelas ruas, não demorou para trazer a sua lata de leite pela metade para que outra criança pudesse se alimentar.
Nesses tempos onde o egoísmo dos mais ricos de moedas que só pensam em aumentar seus capitais saltam aos nossos olhos, uma ação como essa nos enche de esperança que um outro mundo é possível.
Convém ressaltar que as pessoas em situação de rua foram contempladas com as doações não só de alimentos, mas também de material de higiene, máscaras, e roupas, o trabalho dos três padres com o auxílio da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário permitiu que fossem conseguidos EPIs (Equipamentos de proteção individual) para os catadores de materiais recicláveis e também máscaras para a proteção nesse tempo de pandemia
Outra ação que cabe registro do belíssimo trabalho desenvolvido pelos sacerdotes neste ano foi a Festa da Colheita, onde as comunidades que produzem através da agricultura familiar puderam partilhar os frutos da terra com os irmãos necessitados.
A cada final de ano a nossa Rádio do Bem procura fazer uma homenagem aos que durante o ano em curso tiveram ações em diversas áreas que por nós são consideradas BOAS AÇÕES ou EXPERIÊNCIAS EXITOSAS, neste ano que quase finda deixamos o nosso agradecimento a Igreja Católica da Terra dos Bons Ventos através destes padres que compreenderam o chamado das suas vocações e vivem seus “IDES” em um Igreja em SAÍDA eles são CHEGADAS em especial da ESPERANÇA e da certeza que o povo mais humilde não se sente sozinho nessas águas tumultuosas de um tempo de grandes desafios.
Ao finalizar rogamos inúmeras bênçãos para todos os irmãos da Igreja Católica de Aracati, para os padres que compreendem a importância do serviço aos pobres em suas vocações e deixamos o alerta a todos que a CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE continua, as necessidades dos menos favorecidos só aumentam e que toda PARTILHA feita com o coração é bem-vinda.
Sejamos doadores, Deus ama quem dá com a alegria e segundo o poeta “um mais um é muito mais que dois”.
Que mais pessoas se envolvam na transformação da sociedade que tanto sonhamos para a construção do Reino de Deus aqui na Terra.